Estórias e Causos do Ipu 6
Por Antônio Tarcízio Aragão (Boris 1940-2009)
Foi num animado carnaval, no final dos anos 80 para os 90, mais ou menos. O Ipu fazia jus à fama de ter bons carnavais e por isso atraia muita gente de fora.
Nessa época, o pontapé inicial da folia era na sexta-feira que antecedia o sábado gordo, na churrascaria “O Teixeira”, no bairro dos Pereiros, que abria o período momino em nossa cidade, com o já tradicional “Carnaval do Teixeira”.
A juventude local, após fazer o costumeiro pé-de-dorna, no “Pavilhão Bar”, do Chiquinho Soares, se deslocava para a churrascaria “O Teixeira”, onde se concentrava para esperar o ônibus trazendo os estudantes que moravam em Fortaleza.
A festa, a cada ano fazia o maior sucesso, ali estavam os foliões do Ipu e na sua grande maioria a juventude estudantil, geralmente com muito gás e entusiasmo, mas, via de regra, sem dinheiro pra gastar. A despesa tinha que ser pendurada para acertar na terrível quarta-feira de cinzas.
Naquele ano, meus filhos Ricardo e André estudavam em Fortaleza e como sempre, vinham passar o carnaval no Ipu, desembarcando, infalivelmente, na churrascaria do Teixeira para se juntar à molecada da época deles. Nos fundos do salão improvisado para o baile tinha um quintal onde o Teixeira cultivava um jardim cujo nível era mais elevado que o da pista de dança.
Bem ali, nas proximidades da pista, existia um tambor grande cheio d’água para regar as plantas do jardim do Teixeira. Uns 200 litros ou mais. André, meu filho, era muito tímido, mas quando tomava umas e outras, ficava muito eufórico e se esbaldava na folia carnavalesca, que apesar do ritmo meio desengonçado de dançar, vibrava muito com o som frenético que animava o baile.
Devido sua estatura diferenciada dos demais, era visto de todos os ângulos do salão. De repente, Andrezão some do raio de visão dos amigos e quando voltava do banheiro, viu aquele tamborzão cheio até a tampa, olhou para um lado e outro, achou que ninguém estivesse vendo e de repente resolve dar um mergulho pra limpar a maizena que envolvia todo aquele corpanzil.
Imaginem só o que aconteceu? Virou com tambor, água e tudo mais, causando uma enorme avalanche no salão, molhando os foliões, os instrumentos da banda que começaram a pipocar em curto circuito; era gente caindo no chão molhado e escorregadio, músico tomando choque elétrico nos aparelhos de sons, garçom esquiando nas bandejas, quebrando copos e garrafas, enfim, foi uma verdadeira zorra que ainda hoje o Teixeira recorda angustiado o malogro daquele seu tradicional baile de carnaval e até hoje, sempre que andamos por lá, ele pergunta pelo folião calorento.
Exageros à parte, é lógico, são coisas de jovens, mas tinha que ser logo com o Andrezão que quase nem fala?!
fonte: site da AFAI - ARTIGOS - ESTÓRIAS E CAUSOS p.01 | Acesso:05/01/2010 | Formatação: Airton Soares
Nenhum comentário:
Postar um comentário