Cleide de Melo Lima Cidade provinciana Do interior do Ceará Mas que toda semana Acontece a missa, a feira, costumes do lugar As festas tradicionais Do santo padroeiro Para nós, não existem iguais E é o mês de janeiro! O clube muito decente Pela elite era formado O Grêmio muito atraente pela sociedade visitado havia lá o clube de leitura dos tempos passados, não alcancei de elegante arquitetura entrai,conhecei! Lustres luminosos pendurados Os janelões verdes,balaústres edificados O piso assoalhado De madressilvas, o caramanchão Muito bem cuidado O quadro social, uma perfeição! Completando a decoração Quadros imponentes Lembro-me de um com emoção A valsa do Imperador, que minha amiga dizia:sou eu aquela junto aos mais indiferentes Bailes tradicionais ocorriam Em janeiro dias 20 e 21 aconteciam Depois da quaresma,domingo da ressurreição Em junho, quadrilhas e o chitão! Agosto o 26, do Ipu, a emancipação Outubro, dia 12 festejam no Grêmio a sua fundação Natal e Ano Novo, com estilo e bem perfeito! Senhoras de respeito Zelosas acompanhavam os filhos Os chefes de família primando pelo direito Contribuíam, para dar-lhe brilhos! Jovens vaidosas Muito elegantes Bailavam orgulhosas Com seus requebros dançantes! O afoito que quisesse brigar Pelos Diretores eram convidados a se retirar Era assim o clube do Ipu,uma bandeira Lá só penetrava em seu recinto, quem fosse da primeira... No poder aquisitivo? Era um distintivo No procedimento? Outro complemento Ainda bem... De família, sangue nobre? Que no Brasil é muito pobre... Também. Clube social do meu pai, da minha mãe, de sua mocidade O grêmio de nossa saudade! Bailes memoráveis Das dez da noites às seis da manhã Do mambo ao pisa na fulô inolvidáveis E quando tudo terminava Ficava Agridoce lembrança de uma saudade sã! Bailes selecionados Sócios escolhidos Organizados Festa no Grêmio,tudo engalanado E muito concorrido, freqüentado. Do tempo das orquestras Ou dos conjuntos musicais Grandes e bonitas festas Que não esquecemos jamais! Hoje, eu soube agora O Grêmio venderam Na época das privatizações,sem demora Os sonhos morreram... Onde a memória? A história? Desceram Na enxurrada Da virada Do século XX É uma acinte A tradição Aos antepassados desse meu chão! Aos homens sérios, os fundadores aqueles senhores Que fizeram parte do surgimento Do nascimento Deste lugar... Silêncio! Estou a escutar! Abrem-se cortinas sedosas Adamascadas e vaporosas... Olha, o Grêmio está aberto Escancarado, ninguém por perto... Os salões cheios de luminosidades De neônios incandescentes A Valsa do Imperador e outros quadros decoram o ambiente... Vejo penetrar de repente Aquelas senhoras que vi outrora Minha mãe também, acompanhando a gente Olha a música, está tocando Vibrante, animada, sonora Quem está comandando, o que ouço agora? É o último baile do Clube de nossa mocidade Voltamos no tempo, todos com pouca idade... Mas, foi ilusão, se perdeu no ar Foi toque de magia Todos foram embora, não vão dançar A música se desfez na miragem fugidia O que eu quis ouvir Do Grêmio, as portas serraram Fecharam Para nunca mais se abrir Ipu, 19 de setembro de l988
afai-artigo-poesia p 14
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