Data: 04/05/2009
Nome: JULIO GOMES MARTINS
E-mail:
Assunto: CENA DO INUSITADO
Tinha eu uns 8 ou 9 anos. Aboletado no último vagão do trem, juntamente com meus pais e um dos irmãos, íamos para Fortaleza. Muita gente na Estação (naquela época ainda havia uma). De repente, um alvoroço. Corre daquí, corre pra acolá e pela janela percebí que um indivíduo saiu correndo em direção ao pavilhão.
E tome gente atrás. Dois policiais vestidos com um uniforme (cáqui), amarrados pelo meio com um cinturão preto e largo, alcançaram o sujeito antes que atravessasse a rua e deram-lhe uma cacetada na cabeça que o sangue desceu. Tratava-se de um ladrão que vinha no trem, provavelmente de Crateús, e acabara de roubar um dos passageiros. Depois, os comentários dentro do vagão era que no Ipú ladrão não tinha vez. Para um menino do interior, de uma pequena cidade, na década de 60, a cena foi braba. Nunca esquecí a cara do sujeito toda ensanguentada, quando era levado pelos soldados.
Muitos anos se passaram, e o que era inusitado hoje é cotidiano até mesmo nas pequenas cidades interioranas deste imenso país. Com o agravante crescimento geométrico da população, o estado não está conseguindo focar as razões. Debela uma quadrilha, nascem três. A violência se tornou uma Hidra de Lerna. A sociedade, hoje se sente envolvida por um tsunami dos flagelados da sociedade. Está pagando pela falta de recursos canalizados para a educação (em 1º plano), para a saúde, segurança e geração de emprego para os cidadãos. E esses recursos, conforme vemos na TV, nos jornais e na internet, infelizmente, fogem pelos ralos das práticas da ilegalidade e da imoralidade que grassam neste país. Venturis ventis. Que sejam auspiciosos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário