Data: | 21/04/2010 | |
Nome: | RICARDO MARTINS ARAGÃO | |
E-mail: | ricardo.boris@gmail.com | |
Assunto: | MERCADO: O VELHO OU O NOVO? | |
O Mercado Público Chico Mourão é, sem dúvida, um patrimônio público do Ipu por sua história (longa história), pois de sua originalidade, só restam a forma geométrica (quadrilátero) e o local. Originalmente, segundo o que entendi (pois não vivi a época – corrijam-me) era apenas um quarteirão rodeado de bodegas, todas padronizadas, com suas portas arqueadas (duas por ponto) e com acesso ao interior. Depois, administrações tais, em virtude da necessidade de ampliação do mercado, introduziram os galpões internos (dois), trazendo os magarefes e marchantes para o seu interior (antes dispostos na parte externa, onde hoje é o Banco do Brasil). Com o passar do tempo os donos dos pontos externos foram modificando as aparências desses comércios com reformas que não respeitaram a originalidade daquele clássico prédio público, de forma que, hoje, anos após inúmeras reformas e dilapidações, o velho mercado só guarda consigo a forma (quadrilátera). Claro, considerando que o interior também foi uma introdução posterior e acessória. Após essas incipientes (e talvez insipientes) considerações, exporei o MEU ponto de vista (até então silente) sobre a problemática do Mercado Público Chico Mourão de Ipu. O projeto do Novo Mercado, da lavra do arquiteto Vinícius Marrocos, é simplesmente belíssimo e ultramoderno para os padrões ipuenses (talvez por não estarmos acostumados com a ousadia). Com uma fachada de linhas arquitetônicas até antiquadas (estilo arábico, retratando as origens mouras que ocuparam a península ibérica e que, de certa forma, refletiram na colonização portuguesa no Brasil), com arcadas nos dois pisos, sendo quatro maiores nos lados do prédio, o mercado tem um ar nostálgico externamente. Porém, do lado de dentro, se revela toda a modernidade, tanto em estilo quanto em materiais e equipamentos. Mantendo a estrutura de bancas no vão central para venda de carnes e peixes, no piso térreo, o novo mercado ainda contará com duas novidades para a cidade de Ipu e região: escadas rolantes e elevador. Este matuto aqui, pelo menos, nunca ouviu falar dessas tecnologias por essas bandas (lembrei do meu avô Antônio Martins e sua “Bacurauzada na Escada Rolante” – fico imaginando quantas haverão no novo mercado!). No piso superior: praça de alimentação e boxes (serão 200 ao todo – nos dois pisos). Cobrindo todo o miolo do prédio, um imponente teto com clarabóias (pelo menos foi o que entendi). Finalmente, em torno de todo o quarteirão, tanto no térreo quanto no piso superior, áreas cobertas para circulação (os populares “alpendres”). Em curtas palavras, o Novo Mercado será muito chique e estiloso! E, sem sombra de dúvidas, será um grande atrativo turístico para a cidade. Ao meu ver, não haverá quem passe por lá que não queira dar uma entrada. Essa é a minha impressão. Vejo que “o NOVO matará o VELHO”, pois, afora a forma quadrada e o local, muito pouco do mercado velho restará, senão lembranças e fotos amareladas pelo tempo. Além do nome “Chico Mourão”, que também é bem recente (o nome, pois Seu Chico faz parte daquela história). Minha ânsia de ver preservadas as coisas de minha terra me levam agora a um enorme conflito: o Novo ou o Velho? Muito embora não tenhamos essa opção, pois tudo indica que o martelo já foi batido. Teremos a reforma. Já estão, inclusive, sendo negociadas as vendas dos boxes. Mas, vamos ao meu dilema: Por um lado, vendo fotos do passado e até lembrando de algumas bodegas (principalmente a do saudoso amigo Antenor Balacó – “Mercearia Sagrado Coração de Jesus” – com sineta e tudo), que ainda preservavam as duas portas arqueadas, gostaria de ver o mercado RESTAURADO. Ou, como disse o Tontim: um “velho novo”. Mas, para isso, ao meu ver, haveria de se desapropriar os donos de todos os comércios externos, que – diga-se de passagem – encontram-se totalmente desfigurados por reformas que não levaram em conta a originalidade daquele prédio tão tradicional. Pelo visto, essa medida não seria viável do ponto de vista econômico. Certamente, histórico, cultural... mas não econômico. Não adentrarei no mérito, noentanto. Por outro lado, analisando o magnífico projeto do Novo Mercado, vislumbro um ponto de grande potencial turístico e comercial para nossa cidade. Desta forma, gostaria de ver o mercado REFORMADO, novo. Eis a questão. Fiquei meio em cima do muro, admito. Mas, tendendo à segunda hipótese. Em outras palavras: minha opinião não vai valer muita coisa! Uma fator, contudo, me preocupou: a questão SOCIAL que envolve a mudança do velho para o novo. Segundo informações dadas na audiência pública, hoje o mercado conta com 80 usuários dos boxes (entendi que são apenas os internos, pois do lado de fora os pontos comerciais já são privatizados). Mas, segundo o projeto, essa pessoas sofreriam o sério risco de perderem suas concessões, concorrendo deslealmente* com pessoas de mais posses, interessadas apenas na especulação imobiliária. (* levando-se em conta unicamente a disparidade de renda e não a legalidade) Segundo o prefeito, todos os interessados (sem distinção dos atuais permissionários), de uma maneira geral, concorreriam de forma igualitária para aquisição um OU MAIS pontos no novo mercado. Nada de estranho à luz da Lei das Licitações, pois a concorrência é salutar e necessária na coisa pública. Mas, convenhamos... Não parece INJUSTO pessoas simples e com poucos recursos (atuais permissionários dos boxes) concorrerem de igual pra igual com pessoas de vastas posses, sedentas não apenas por um, mas por VÁRIOS pontos no novo mercado? Eu, particularmente - alheio ao que reza qualquer lei - entendo que sim. É INJUSTO! Salvo melhor juízo, creio que o município deveria buscar meios para garantir (não apenas com financiamento em banco) os direitos desses atuais comerciantes que fazem uso dos boxes do mercado. Pois, do contrário, não tenho dúvida que o mercado estará sofrendo uma ELITIZAÇÃO. Afinal, só terá direito a um ponto quem o comprar pelo maior valor e, definitivamente, não será nenhum dos atuais comerciantes que atualmente tiram seu sustento (de 15 a 50 reais/dia) daqueles boxes. Mas empreendedores endinheirados, desses que compram casarões e os destroem para construírem lojas, etc. Serão esses os maiores (senão os únicos) beneficiados com a reforma do mercado se não for dado o direito (seja como for, dentro da lei) aos atuais e humildes comerciantes dos boxes internos. O prefeito ainda disse na audiência que, pela lei (licitações), não poderá favorecer a ninguém. Mas essa lei, em si, já favorece o rico em detrimento do pobre (leva quem der mais). Dessa forma, smj, haveria apenas uma saída: A PREFEITURA FICARIA COM OS 80 BOXES PARA SI, COMO BENS PÚBLICOS E, A PREÇOS JUSTOS, ALUGARIA ESSSES BOXES AOS ATUAIS OCUPANTES, GARANTINDO SEUS DIREITOS DE USO. Os outros 120 pontos, esses sim, seriam levados à licitação pública e, os recursos advindos dessa venda, financiariam não apenas os outros oitenta pontos como a obra toda. Que tal? Enfim, não obstante o desejo de ver mantido um prédio tradicional da cidade (embora desfigurado), vejo com bons olhos o projeto do Novo Mercado. Acho, inclusive, que os prós justificam os contras. Mas, desde que seja feita JUSTIÇA SOCIAL com os atuais licenciados. Ricardo Aragão |
A história de um povo também é feita de minudências afetivas e verdades comezinhas.
A CADA MEIA HORA UM PENSAMENTO DI FÉ RENTE
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quinta-feira, 22 de abril de 2010
MERCADO: O VELHO OU O NOVO?
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