AFAILCA Crônicas - 20

	Data:	13/08/2009
	Nome:	JOSÉ AIRTON PEREIRA SOARES
	E-mail:	airton.soares.as@gmail.com
	Assunto:	CHUVAS DE ABRIL -Derrotados, enlameados, felizes, saíamos correndo em busca dos jacarés que jorravam, incessantemente, sobre as calçadas daquela praça.
Quinta | 13 de agosto de 2009 | 0:57 CHUVAS DE ABRIL Por Abílio Lourenço Martins . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . AFAILCA Crônicas - 20 Capítulo I . . . . . . . . . Tardes Chuvosas de Abril ESCURECE o tempo: nuvens pesadas predominam nos céus do Ipu. É MAIS UMA TARDE CHUVOSA que se aproxima, originando imenso contentamento e desmesurada exultação à criançada do QUADRO DA IGREJINHA. EM POUCOS MINUTOS surgem um, dois, cinco, dez garotos e começa a ser erguido, na grota (do Quadro), mais um açude. OUSADAMENTE PROCURÁVAMOS, sempre, superar em tamanho aquele do dia precedente. Com muita disciplina dividíamos as tarefas e, em poucos minutos, estava edificada aquela “IMENSA PAREDE”. QUANDO OS INICIAIS FIOS D’ÁGUA abrolhavam, a exultação compartilhava-se com a emoção e ficávamos tensos e cuidadosos, contemplando aquele açude tomar sua forma. Vários barcos de papel eram lançados, embelezando o cenário. COM O ACÚMULO DAS ÁGUAS, corríamos desassossegados de um lado para outro, buscando fortalecer com areia e pedras, pontos frágeis daquela barragem. Mas que bobagem, em poucos minutos estava arrombada a represa, rumando suas águas impetuosas ao leito do riacho Ipuçaba. Derrotados, enlameados, felizes, saíamos correndo em busca dos jacarés que jorravam, incessantemente, sobre as calçadas daquela praça. CAPÍTULO II . . . . . . . . . . .Noites Chuvosas de Abril À NOITE, SOB A PROTEÇÃO e o aconchego de nossos pais, procurávamos, nós, irmãos, o quarto principal da casa. Agasalhados com pijamas e meias de flanela, aquecidos com um gostoso caldo de caridade, ficávamos, após o terço, pululando de alegria sobre a cama, ouvindo a incessante batalha que se travava entre trovões e relâmpagos, acompanhado pelo gostoso barulho da chuva que caía copiosamente. DE REPENTE: MÃE, UMA GOTEIRA, GRITAVA UM. Rapidamente a nossa querida Auri, com seus passinhos curtos e ligeiros depositava uma bacia para aparar aquelas gotas que caíam de maneira cadenciosa e controlável até então – ploc, ploc, ploc. OUTRA GOTEIRA MÃE, DIZIA O CAÇULA. Uma outra bacia era colocada para aparar os pingos e respingos já irrefreáveis, em razão da torrencial chuva que desabava. = = = = = = = = = = = = = = = Dormíamos sob a sinfonia deleitável da chuva. = = = = = = = = = = = = = = = = AO AMANHECER, após uma afável noite invernosa, estavam os nossos quartos repletos de bacias, panelas e penicos, todos, literalmente, transbordados pelos incontroláveis e incessantes - ploc, ploc, ploc... ERA ESSE O CENÁRIO PUERIL, gostoso, inolvidável das noites chuvosas de abril, na nossa e na maioria das residências do Ipu. INFELIZMENTE, HOJE, o “glamour” daquelas noites já não existe; as residências, concretadas, não permitem aos seus moradores, vivenciar tão bonito espetáculo. - - - - - - Fonte: site da AFAI – Artigos – Crônicas, pág. 12 Acesso em 13/08/2009.