AFAILCA Crônicas - 23

	Data:	28/08/2009
	Nome:	JOSÉ AIRTON PEREIRA SOARES
	E-mail:	airton.soares.as@gmail.com
	Assunto:	Todo conselho é bom, desde que a gente não seja obrigado a aceitá-lo.
AFAILCA Crônicas 23 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .sexta, 28/08/2009 A BICA DO IPU ...........................jornal O Povo, 30/12/2001. Por OLÍVIO MARTINS da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes- AILCA NÃO IREI CANTAR MINHA TERRA, como fazem os poetas com as suas, porque para tanto me faltam engenho e arte. Tentarei alinhar algumas ideias neste despretensioso e pequeno ensaio, esperando que ele possa ter alguma serventia. Do contrário, valerá como mero exercício literário. LOCALIZADA NA FALDA DA SERRA DA IBIAPABA, também conhecida como Serra Grande, Ipu é conhecida no Ceará e no Brasil por ter sido cenário do célebre poema épico Iracema, do escritor cearense José de Alencar, e pela não menos famosa cachoeira que despenca, em queda livre, de uma altura de cerca de 100 metros - a Bica do Ipu. QUEM SE ENCONTRA NO LOCAL, ABSORTO em contemplar essa maravilha da natureza, certamente se lembrará das palavras do poeta latino Virgílio, o Cisne de Mântua: "Deus nobis haec otia fecit" - um deus concedeu-nos este descanso. PARTE DO MUNICÍPIO FICA NA SERRA E OUTRA, NO SERTÃO. A parte da serra, à primeira vista, deslumbra o visitante pela formação de uma cinta de granito e terre entre o pé da serra e o planalto. Essa parte poderia ser utilizada para construção de complexo turístico, não só pela visão panorâmica ímpar que se tem de todo o sertão como também pela vegetação variegada, pela abundância d'água e pelo clima ameno. JÁ O SERTÃO PODERIA ser beneficiado com a agricultura irrigada - no-tadamente a fruticultura - através da perfuração de poços tubulares rasos nas margens dos rios Acaraú e Jatobá que banham o município. Para isso, faz-se necessária a eletrifi-cação rural próximo aos leitos desses rios. A piscicultura poderia também ser incrementada nos pequenos e médios açudes e em tanques apropriados para essa atividade. COM O DECLÍNIO DA PECUÁRIA no se-mi-árido, as atividades criatórias devem ser voltadas preferencialmente para a caprinocultura e ovinocultura que têm mostrado bons resultados nas demais áreas do Nordeste. Para quem dispõe de maior volume de capital, a criação de avestruzes se afigura um investimento promissor, levando-se em conta as nossas boas condições climáticas para essas aves e os excelentes preços do produto nos mercados nacional e internacional. OUTRO SETOR QUE PODERIA BENEFICIAR sobremaneira o município, pela arrecadação de impostos e geração de pleno emprego, é o industrial. Esforços deveriam ser desenvolvidos junto à Secretaria do Desenvolvimento Económico no sentido de instalação de indústrias na cidade, que conta com boa estrutura de transportes e com suprimento abundante de água proveniente de mananciais da serra e do sistema Bonito - Araras. Há que se fazer um esforço conjunto entre o poder público e a iniciativa privada. IPU É UMA CIDADE SIMPÁTICA E AGRADÁVEL porque é diferente da maioria de nossas cidades interioranas, caracterizada que é pelo binómio sertão -serra. A Praça da Estação e a Praça Abílio Martins lembram as cidades antigas da Europa devido ao seu calçamento de paralelepípedos que conferem beleza e simetria. É um patrimônio histórico, cultural e humanístico que deve ser preservado a todo' custo. ALGUÉM MENOS AVISADO poderia pensar tratar-se de saudosismo a conservação desse património. Se assim fosse, por que as cidades europeias -- ricas, cultas e prósperas - mantêm intocáveis tais tesouros? Nelas o antigo, e o moderno convivem em harmonia. AFORA FORTALEZA, onde há inúmeras; praças e ruas calçadas com paralelepípedos (Praça do Ferreira, Portugal, Liceu etc), algumas cidades do interior cearense mantêm com orgulho e carinho esse tipo de calçamento, sem falar nas cidades históricas do país. Nada contra o asfalto, contanto que seja aplicado em ruas e avenidas de * pedra tosca e nas estradas. AS IDEIAS AQUI EXPOSTAS PARECEM-ME VIÁVEIS e, com o apoio do poder público, poderiam ser implementadas com bons resultados. Em última análise, poderão servir de conselho... Mas, como observa o diplomata, economista e político Roberto Campos, todo conselho é bom, desde que a gente não seja obrigado a aceitá-lo. Fonte: site da AFAI – Artigos – Crônicas, pág.08 Acesso em 28/08/2009