A história de um povo também é feita de minudências afetivas e verdades comezinhas.

[ Portal do "AS" - esprema AQUI ]

A CADA MEIA HORA UM PENSAMENTO DI RENTE
>

domingo, 16 de maio de 2010

Precisamos de escolaridade

Data: 15/05/2010
Nome: Renam Lopes Moss
E-mail: renamlopesm@hotmail.com
Assunto: PRECISAMOS DE ESCOLARIDADE

Em outras oportunidades já mencionei alguns fatos que narrarei a seguir. Quando Dilma Rousseff traficou a foto da atriz Norma Bengell para seu site oficial, fazendo-se passar pela atriz numa passeata contra o regime militar, houve um certo mal-estar. Mas não foi tão absurdo assim. Dilma, a candidata de Lula a presidência da República do Brasil, anda dizendo por aí que tirou o país da “inflação descontrolada”. Para uma mulher que se faz passar por Pedro Malan, convenhamos, roubar a identidade de Norma Bengell é o de menos. Essas coisas são normais hoje em dia. Nós, quero dizer eu mesmo muito provavelmente já fiz isso. Luiz Fernando Veríssimo escreveu um texto genial contra o Big Brother Brasil, (já mencionado aqui neste site), e que logo se espalhou pela internet. O único problema era que o texto não era dele. O suposto autor ainda se atreveu a desmentir, mas a web não lhe deu bola, e o artigo-fantasma continuou bombando. Dilma Rousseff está, de certa forma sintonizada com seu tempo. Para o mau entendedor, tanto faz Malan, Norma Bengell ou Veríssimo, tudo bem, desde que a mensagem contenha o que ele quer ouvir. Ouçam Dilma em recente comício para militantes na Câmara de Vereadores de São Paulo. “Lembro muito bem o que era o governo de transição. Ali tivemos o apoio de vocês, que nos deu a centralidade para fazer o que chamo de a passagem pelo deserto, porque este país estava com inflação descontrolada, de certa forma de joelhos, diante de sua dívida externa, do seu compromisso com o FMI”. A passagem pelo deserto deve mesmo ter sido extenuante. Muito sol na cabeça não faz bem a ninguém. Ali surgem as miragens, os delírios e, sabe-se agora a mitomania. “É a construção de um novo Brasil”, declarou a candidata do PT no mesmo discurso. Não há dúvida, novo em folha. E, para garantir, o jeito foi apagar tudo que é velho: o Plano Real, as metas de inflação, a responsabilidade fiscal, a política de superávit primário, a renegociação da dívida externa, o fim da farra dos bancos estaduais, a abertura da economia, a atração de divisas a partir do fim das moratórias populistas e da redução do risco-Brasil. Sumiu tudo na poeira do deserto petista. Retocar a História é um clássico do stalinismo, mas com isso o Plano Dilma não compactua. É arriscado, sempre fica algum vestígio da manobra. Melhor apagar tudo. Explicar que o “governo de transição” foi uma passagem de bastão de Pedro Malan para Antonio Palocci tornaria o novo texto confuso. O jeito foi sumir com o bastão. Até aqui está dando tudo certo. O povo não parece muito interessado no pântano que era a economia brasileira uma década antes de 2003,o ano zero. É uma pré-história realmente repugnante. Tinha mostros à solta, como um dragão que devorava até metade do salário do trabalhador mesmo que ele não gastasse nada. A expressão “poder de compra” soava ridícula na boca de qualquer governante. Prometer trazer de volta o ser amado em dois dias era mais seguro. De 1993 a 2003 aconteceram as tais coisas velhas que o novo Brasil deixou para trás. Na economia pantanosa, onde tudo que se construía afundava lenta e gradualmente, surgiram pilares. ( O PT foi contra todos eles, mas o pessoal botou assim mesmo ). O trabalhador, o pobre, descobriu enfim que o tal “poder de compra” não era ganhar na loteria, ou papo de bruxaria. Foi nessa pré-história horrenda que o Brasil entendeu o sentido da expressão “dinheiro na mão”. È sobre esse chão de verdade que hoje evolui a DisneyLula, e seu divertido jogo dos sete erros. “Empilhamos dois tijolos onde não havia nenhum! Nosso governo é 200% melhor que o deles! Os números não mentem!” Não mentem mesmo. Quem mente é quem os recita, nessa aritmética deliberadamente ignorante, que o povo ama e aplaude. Guido Mantega, o ministro surfista, enteado do Banco Central a quem dirige sua rebeldia sem causa, anuncia para uma platéia da CUT um PIB de 6% para 2010. E tripudia, bradando que Lula priorizou o crescimento. “É incorreto dizer que este governo manteve a política econômica anterior. Houve uma mudança na forma de o Estado agir.” Ainda bem que a plateia contente não pergunta que mudança foi essa. Teria sido o PAC? Não...Os números, se bem adestrados até mentem. Mas Mantega sabe que, se ligar o PAC ao PIB, depois não arranja emprego nem de faxineiro da FGV. José Dirceu, o homem, o mito e a consciência da companheira guerrilheira Dilma, já a instruiu para trombetear que a dívida interna explodiu no governo FHC. Segue o joguinho de sete erros. É claro que numa campanha eleitoral ninguém vai explicar um rolo desses. Neste no Brasil, ninguém se comove com o passado. Nem a Norma Bengell.

Nenhum comentário:

Postar um comentário