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quinta-feira, 30 de julho de 2009

AFAILCA Crônicas - 18

Data: 30/07/2009

Nome: JOSÉ AIRTON PEREIRA SOARES

E-mail: airton.soares.as@gmail.com

Assunto: bodega do ZÉ SOARES, 82 anos (meu pai, irmão do Caça-Samba, Quindô, Toinzin (da gaivota) entre tantos...

Quinta, 30 de julho de 2009 – 09:57


OS BARES DO IPÚ

Por João Tomaz Lourenço Martins (Tontim)

NÃO SEI CERTAMENTE A CAUSA, mas muito me aprazia, quando menino, escutar as histórias das gentes grandes. É por isso, não tenho dúvida, a minha quase obsessão em recordar, da janela de um pequerrucho, o que os adultos conversavam.

MUITAS VEZES, NA SALA DE JANTAR da minha casa do Quadro, fazia de conta que brincava concentradamente com meu carrinho-miniatura da coca-cola, para perscrutar a conversa da mamãe com suas vizinhas e comadres. Algumas vezes o bate-papo se dava com a DONA CONCEIÇÃO, DONA VALDELICE ou DONA MAURA, outras vezes já era com a DONA NANA ou a DONA PUREZA, outras mais, com a DONA BILUCA. Sempre com o testemunho ingênuo desse que lhes escreve.

OUTRO NICHO DE CONVERSA DE GENTE GRANDE que muito me atraía era quando saíamos, o papai , eu e o BIIN - meu irmão - para tomar um guaraná ou um sorvete nos bares do Ipú. E são aqueles bares de outrora que agora me vêm à memória.

O BAR CRUZEIRO. Tenho uma tênue lembrança do Bar Cruzeiro. Recordo-me, todavia, de seu coreto e do conjunto musical que começava a tocar aos domingos, depois da missa das nove e entrava por toda a tarde. Seu proprietário era o Seu PEDRO TAVARES e situava-se à Rua Coronel José Lourenço esquina com a Travessa Liberalino. Em seu lugar, anos depois, foram abertas as portas do Armazém Guerreiro Branco do Seu TEOBALDO GUILHERME.

O BAR CENTRAL. De propriedade do Seu ZÉ OTÁVIO, morador da Rua da Goela, o Bar Central situava-se à Travessa Liberalino, entre a casa da Dona HELOÍSA MARROCOS e a sapataria do Seu ANTONIO CÍCERO. Nesse bar, vendiam-se bebidas e cigarros e instalaram em seu interior umas três ou quatro grandes mesas de bilhar, que contrastavam com a pequena banca de jogo-do-bicho do Seu TUBIBA.

CERTAMENTE por suas peculiaridades, a mamãe me proibia de entrar no Bar Central... Com certa razão! O que poderia fazer o TONTIM DE 10 ANOS de idade no meio de bolas-setes, poules e copos de bebida, a não ser caçar as carteiras vazias de Continental, BB e Globo para, duas dobradas depois, transformarem-se em disputados "contos"?

ANOS DEPOIS O BAR CENTRAL se mudara para a Rua Coronel Félix, quina-a-quina com a Prefeitura.

O ALABAMA. De frente ao Bar Cruzeiro, embora não fossem plenamente contemporâneos, o Alabama era de propriedade do Seu AMADEU FEITOSA. Servia de concentração para os ipuenses que bebericavam uma cerveja casco-verde ou uma dose de cuba-libre à espera do clássico regional Ipu x Crateús, valendo pelo Intermunicipal de futebol.

A SORVETERIA E BAR YRACIARA. A quatro portas da casa do Seu MURILO MOTA, seus donos eram os irmãos LUÍS E ADELINO SOARES e um dos seus colaboradores era o simpático DEDÉ, morador do Reino de França, e quase eterno presidente da UEI - União dos Estudantes Ipuenses.

O YRACIARA foi o primeiro, na minha lembrança, a oferecer aos seus clientes, um "reservado", na acepção da palavra. A porta do reservado era azul e de estilo bar de caubói. No seu interior, além do cheiro forte de cerveja, duas ou três mesas com cadeiras e uma abertura de comunicação com a administração para a passagem de bebidas e outros pedidos. O Yraciara dispunha também de seu "JEEP 51", um carrinho vermelho que passeava pelas ruas do Ipú oferecendo um bem feito sorvete - o de abacate, então, era uma delícia - e disputados picolés de variadas frutas.

O BAR DO GESSI.Tinha estampado na sua fachada "BAR ALVORADA" mas o povo preferia "Bar do Gessi". Seu atrativo era o bom atendimento dispensado pelo "TIUÍLSO", por isso o ponto de referência da turma que ocupava a calçada e o canteiro à frente com as mesas de damas, gamão, baralho e porrinha.

O BAR DO SOUZA. O Bar do Seu Souza, quase em frente ao HOTEL VITÓRIA, também de sua propriedade, era feito de madeira, às vezes pintada de encarnado, às vezes de verde-escuro. Ficava num ângulo tal que parecia apreciar o trem botando força para subir as Pedrinhas rumo ao Curupatí.

O PAVILHÃO. O que chamava atenção era a sua atípica, mas bonita arquitetura. Não me lembro de outro dono, senão o CHIQUINHO SOARES. A sua calçada ainda hoje testemunha as alegres conversas travadas em frente a casa do Seu VICENTE ROCHA.

A BODEGA DO ANTENOR. Situada no mercado, vizinho ao portão da Rua Coronel Félix, seus freqüentadores sentavam-se nos sacos de arroz e feijão e se exagerassem nas prosas, o ANTENOR BALACÓ os advertia com uma ou mais badaladas no sino, dependendo do tamanho da mentira.

UM POUCO MAIS FORA da praça, mas também desses tempos, destacavam-se as mercearias do Seu OBED no Alto dos 14 e a do ZÉ SOARES NOS CANUDOS. O TEIXEIRA, um pouco mais recente, marcou sua época no Ipú, mormente no período momino.

OBSERVANDO A ATMOSFERA DOS BARES, INOBSTANTE SEM DELA PARTICIPAR DIRETAMENTE, TAL ERA A MINHA TENRA IDADE, É QUE TRAGO COMIGO O GOSTO DE CONTAR EM PROSA PEDAÇOS DA VIDA DO MEU IPÚ QUERIDO, ONTEM VIVIDOS, HOJE SONHADOS.

. . . . . . .Comentário

MARCILIO AIRES - out05

E-mail: narcilio.aires@ig.com.br

VISITANDO O SITE DA AFAI, gosto de algumas crônicas escritas por nossos conterrâneos. A lembrança das coisas que quando lá morávamos nos deixam muito saudosos.

LEMBRO-ME MUITO BEM DO PAVILHÃO, na época que ainda existia o trem. Papai foi um dos que por lá trabalhou, na minha infância já ajudando papai no seu trabalho, esperávamos até tarde da noite o horário do trem cargueiro, pois os comissários (se é que posso chamá-los) merendavam no pavilhão ou quiosque que naquela época representavam o que chamamos hoje de merendeira.

MUITAS VEZES, lembro-me bem presenciei aqueles maquinistas comerem MUITOS OVOS COZIDOS outros estrelados e ficavam conversando nas mesas de madeira que ficavam na frente, em determinado momento não suportávamos mais ficar naquele local.

QUANDO O AMIGO TONTIN fala que não se lembra dos antigos donos do pavilhão, me veio esta recordação. Papai ia negociar também e antes do CHIQUINHO quem lá esteve foi o cômico e boa praça FLPRISVALDO, que fazia um gostoso e delicioso " doce de leite". As coisas bonitas e saudáveis da nossa terra já mais esqueceremos.

Fonte: site da AFAI – Artigos – Crônicas, pág 13

Acesso em 30/07/2009.

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IPU. SAIBA: você corre – umbilicalmente - em nossas veias.

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