CEARÁ PODERÁ “FAZER DINHEIRO”
COM A TURÍSTICA “BICA DO IPU”
Trabalho do jornalista J. P. Mourão, apresentado no VI Congresso de Jornalistas realizado pela ACEJI, na cidade de Limoeiro do Norte, de 08 a 11 de julho de 1971, e publicado no jornal O POVO, do dia 06 de agosto, por resolução do Conclave.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES.
Inegavelmente, o turismo exerce efeitos marcantes no desenvolvimento econômico de uma cidade, estado ou Região. Faz nascer atividades especiais para o seu atendimento, como hotéis, restaurantes, diversões diversas, estradas e transportes etc... As empresas que forem criadas ou que se expandirem para atender aos visitantes-turistas estarão favorecendo mais emprego, pagando mais salários, recolhendo mais impostos, permitindo, com isso, que a população passe a consumir mais e que o poder público tenha mais recurso para obras e serviços básicos que, por sua vez, criarão empregos e assim por diante. Daí concordamos com a inteligente política de desenvolvimento do turismo encetada pelo Governador e pelo Banco do Nordeste.
Somos abundantes em potenciais de atrações turísticas, desde a capital com suas praias ensolaradas, às cidades interioranas com suas maravilhosas riquezas naturais, que o homem sente prazer em admirá-las e delas se utilizar como meio de diversão ou como repouso, no contato direto com a Natureza: águas rolando do alto, movimentando-se entre pedras e por sobre areias, entre canaviais e fruteiras, proporcionando banhos maravilhosos; pássaros cantando; o vento balançando as árvores...
Depois de uma cuidadosa pesquisa, informou o Banco do Nordeste que até o final deste decênio, cerca de 600.000 turistas visitarão o Nordeste. Nós concluímos que, pelo menos 100.000 desses turistas, ao verem o desenvolvimento do Nordeste e principalmente a capital de nosso Estado, serão impulsionados a conhecer de perto a cidade mãe do idealizador da fonte que está iluminando e movendo todo o Nordeste – a bela Ipu. Em lá chegando, não se depararão apenas com a cidade mãe de Delmiro Golveia, mas, a uma distância de três quilômetros, como uma tela, verão o seu emblema ladeado por pedras que apresentam figuras de objetos, animais: a soberba, imponente e encantadoramente linda “Bica do Ipu” – como é conhecida – formada pela queda das águas do riacho Ipuçaba, deixando maravilhados quantos nelas se banham e a contemplam.
Ipu poderá ser o maior ponto turístico cearense, pela casa e pela escada de pedras, pelo boqueirão e o gangão ou tão-somente pela Bica que – diz a lenda – foi tantas vezes o chuveiro de sua filha Iracema e atualmente local de banhos maravilhosos dos seus irmãos e amigos. Portanto, Ipu precisa preparar-se para diariamente receber seus visitantes, pois as businas dos carros dos turistas já começam, de todo Brasil, a anunciar a hora da chegada. O atual prefeito, Antônio Ximenes Veras, começou a calçamentar os três quilômetros da cidade à Bica, e falam-se, construirá um balneário e uma piscina no sopé da serra. Só isso não será suficiente. A estrada necessita de ser bem iluminada. A Bica para também à noite ser apreciada, necessita de instalação de duas fontes luminosas às margens do riacho Ipuçaba, a focalizarem as águas límpidas e cristalinas da Bica. As águas se esfacelando ao soprar do vento reluzirão à claridade das fontes luminosas, juntando-se as duas belezas, natural e artificial, para maior contemplação dos mais exigentes visitantes.
No cimo da serra da Ibiapaba, no próspero distrito ipuense de Várzea do Jiló, existem canaviais, fruteiras várias, engenhos, tudo de bom e a piscina formada pelas águas do riacho Ipuçaba. O povo da cidade quer ir à piscina, aos engenhos e canaviais, enquanto que os serranos querem ir à cidade com os seus produtos para venda e fazer compras. A “Escada de Pedras”, existente do lado esquerdo da decantada Bica do Ipu, além de suprir essas necessidades e encurtar o caminho Ipu-Várzea, também é ponto turístico de Ipu que pode ser explorado. Sua subida dá sensação de alpinismo. Em alguns pontos de subida da escada é realizada verticalmente apoiando-se os seus usuários nas raízes e cipós das árvores. A descida da serra da Ibiapaba à cidade de Ipu, com maior freqüência para as feiras dos sábados, é feita pelos conterrâneos da serra com cestas de frutas, verduras, tapiocas, pés-de-moleque à cabeça através da até então perigosa Escada de Pedras, que dizem ter sido feitas pelos índios. As pessoas mais aventureiras sobem-na e descem-na, uns, para visitar a Várzea do Jiló e sua freqüentada piscina; outros, apenas como heroísmo ou para dar uma olhadela da conhecida “Pedra Grande” ou “Pedra do Descanso” — como também é conhecida – existente no término da escada, para a cidade que é vista como paisagem feita de “pinceladas” de alegria. De lá a cidade torna-se totalmente visível, ampla, próxima, atraente para turistas e visitantes. Também é visto o açude do Bonito, da Barrinha, do Macaco, parte do Araras e os canaviais e fruteiras às margens do Ipuçaba e algo mais que a vista alcançar.
C O N C L U S Õ E S.
Ipu adquiriu sua independência política em 26 de agosto de 1840. Considerando apenas daquela para esta data, já se foram mais de treze decênios em que a voz do riacho Ipuçaba, se despenhando da altiva Ibiapaba cerca de 120 metros, encontra-se com a rudeza e o desarranjo das pedras, tornando um tom mais estridente, desafia, com um sotaque de corrente e de cascata, as autoridades governamentais do Município e do Estado, para a exploração turística da Bica e da Escada de Pedras de Ipu. Nós, por outro lado, há alguns anos, temos tentado acordar as mesmas autoridades sugerindo o turismo na terra de Iracema, através do tema VISITE A TURISTICA BICA DO IPU, impressos em envelopes, cartões de natal e aniversário. Agora, com a mesma finalidade, encaminhamos à aprovação da egrégia Comissão e dos jornalistas que participam do VI Congresso, com pedidos ao Banco do Nordeste, ao Governo do Estado, à Empresa Cearense de Turismo e ao Prefeito de Ipu, as seguintes sugestões:
1- Exame, com as providências que se fizerem necessárias, das possibilidades de exploração do turismo em Ipu, por uma Comissão composta de membros da Empresa Cearense de Turismo -- ENCETUR –, Banco do Nordeste do Brasil e da Prefeitura de Ipu.
2- Recuperação da Escada de Pedras e construção de um elevador paralelo à escada, para cargas e pessoas, pelo Governo do Estado e o Prefeito de Ipu.
3- Criação pela Prefeitura de um Departamento de Turismo e instalação de fontes luminosas às margens do riacho Ipuçaba, no sopé da serra, bem como iluminação da estrada de Ipu à Bica.
4- Asfaltamento pelo órgão competente do Governo do Estado, da estrada Ipu-Sobral, necessidade que se impõe, mesmo sem implantação de turismo em Ipu.
5- Recuperação pelo DAER das estradas Ipu-Ipueiras e Ipu-Guaraciaba, antes que elas deixem de ser transitadas, dada a precariedade em que atualmente se encontram.
Consideramos as resoluções deste Conclave como o toque de uma clarinada que realmente acordará nossos administradores municipais e estaduais, para a realização destas reivindicações. Portanto, aos camaradas congressistas e às autoridades, pela aprovação e realização, os nossos mais sinceros e calorosos agradecimentos acompanhados do convite: VISITEM A TURÍSTICA BICA DO IPU !
27/07/2008
afai- fatos históricos p 01
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