Data: | 12/11/2009 | |
Nome: | Lourdes Mozart | |
E-mail: | l.mozart@hotmail.com | |
Assunto: | Estação Centenária | |
A ESTAÇÃO CENTENÁRIA Ipu-Ceará (inaugurada em 10.10.1894) Falar da estação é falar com o coração é voltar ao tempo, não qualquer tempo, de tanto, mais que centenário. È falar de gente e coisas parte de sua longa história. O telégrafo com seu código levando e trazendo mensagens aproximando pessoas, encurtando distâncias Estudantes vestidos, com suas garbosas fardas, iam e vinham de trem, levando e deixando saudade Sobralense, Cearense, Colégio Militar e os de freiras, era indiscutivelmente “status” só para os de fino trato. Quem não se lembra do tradicional “kit” viagem toalha no pescoço, galinha caipira torrada feito farofa, muito gostosa. Do vagão restaurante repleto de homens, de todas as idades de muitas conversas. Seu Carlito, Seu Isaías, Seu Raimundo Craveiro, José Cândido, João Bessa Romãozinho, Lauro Magalhães. Antes e depois deles muitos outros, todos inseridos no contexto da mesma história. Esperar o trem chegar, era sempre uma festa, na calçada da minha casa, bem em frente da estação, ainda lá, hoje pensão. Fileiras de cadeiras cativas, uma rede de tucum na varanda e uma mesa com café, todo o povo parava para ver o trem passar! Por lá sentaram tantos, que nem me lembro mais, os que restaram na memória dá licença, vou citar: Auton e Félix Aragão Sezinho, seu Lima, seu Janjão Tiago Memória, Augusto Passos, Seu Alfredo da pensão, às vezes, Seu Bitião Dr.Barroso, o velho Aderbal o querido Chico Lão menina corria com medo pra ele não me beijar. Por que na roda não tinha mulher? Seria discriminação? Como tudo mudou, nem trem existe mais, quem hoje iria parar para ver o trem passar? Onde estão os humildes carreteiros que tantas malas pesadas em suas cabeças carregaram? São muitas as interrogações. Não restou ninguém, só a estação vendida a um comerciante pra virar loja de motos. Vejam só! Hoje em ruínas, ao Patrimônio voltou, amanhã cheia de vida, cheia de livros. Que assim seja. Amém! Ao largo ficavam três irmãs Nenzinha, elegante, sempre de salto alto Deolinda e Totonha, e muitas crianças a brincar, inclusive eu, a brincar e a sonhar. Tinha um pé de oiticica como o secular tamarineiro, morreu. Frondoso, de sombras vastas. era um ponto exclusivo de mulheres sempre loiras, arrumadas, decotes em profusão, sombrinhas multi-coloridas vindas das Pedrinhas, apelidadas por “mulheres de vida livre” não era pra ver a banda passar, era pra ver o trem chegar. Essa velha estação, faz parte da minha história e de quantas gerações que nos trens viajaram orgulho dos ipuenses se não deixaram ser o que era, que seja transformada numa Casa do Saber. Que assim seja! Amém. Como estação seu epitáfio seria : “Aqui jaz a memória e a saudade de quantos partiram ou chegaram.” Como biblioteca, uma placa na inauguração : “Aqui começa um novo ciclo na vida dos ipuenses que gostam e dos que precisam ser incentivados a ler” Lourdes Mozart |
A história de um povo também é feita de minudências afetivas e verdades comezinhas.
A CADA MEIA HORA UM PENSAMENTO DI FÉ RENTE
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Estação - centenária
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