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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

AFAILCA Crônicas - 26

Data: 10/09/2009
Nome: JOSÉ AIRTON PEREIRA SOARES
E-mail: airton.soares.as@gmail.com
Assunto: AFAILCA Crônicas - 26

O QUE É UM IPUENSE VERDADEIRO?

Por Valdir Carlos da Silva Filho
(Geógrafo ipuense)


O QUE IDENTIFICA uma pessoa a um lugar? Que relação tem o espaço com a sua identidade?

MINHA INTENÇÃO é introduzir uma reflexão a partir da observação de uma frase nesse espaço: "ipuense verdadeiro".

PARA TANTO, iniciamos por um conceito importante: TOPOFILIA - sentimento despertado pelo espaço apropriado, da convivência e da felicidade. Tal espaço se contrapõe ao espaço indiferente (TUAN, 1980; BACHELARD, 1957).

ASSIM, PODEMOS dizer que LAÇOS TOPOFÍLICOS se referem a ligações afetivas entre seres humanos e o meio ambiente. Esses laços diferem em intensidade e modo de expressão, de acordo com indivíduos e grupos sociais distintos.

O LUGAR, que é esse espaço especialmente experimentado, pode ocorrer em diversas escalas, o que revela a complexidade de sua compreensão. Podemos dizer que nossa casa, nosso Ipu, a região da Serra da Ibiapaba, o Ceará, o Nordeste brasileiro, o Brasil são nossos LUGARES. E não há nenhuma imprecisão nisto, mas cada escala corporifica experiências e valores humanos com especificidades.

TUAN (1977 E 1983) NOS ensina que pausa, movimento e morada conferem ao mundo vivido a distinção de lugar.

PODEMOS INCLUSIVE criar lugares míticos, imaginários, que se tornam importantes em nossos valores e nossas esperanças, tal como ocorre com a Terra de Canaã.

PARA MUITOS IPUENSES que estão distantes, o seu LUGAR permanece em seus íntimos, pode mesmo não coincidir com o LUGAR real, o Ipu dos dias de hoje. Mas as suas consciências do passado, suas histórias e afeições pelo Ipu é o que traduz esse espaço como presente em suas vidas. Esse múltiplo IPU é diverso na diversidade de todos os que o amam e não se pode fazer apologia de uma única manifestação de amor verdadeiro.

AQUELES QUE possuem os LAÇOS TOPOFÍLICOS com o IPU, o mantêm como símbolo de identificação imorredoura (TUAN, 1980), como espaço que ainda o comunica com o Mundo (SANTOS, 2002) - suporte importante em dias de fluidez e vertigem promovida pela globalização.

POR ISSO, FALAR DE IPU é expressar nossa geografia, nossa história, do lar que possuímos e que enraizamos em nossos corpos e mentes.

FALANDO EXCLUSIVAMENTE por mim, vejo a mão que escrevo e nela há uma cicatriz que possui uma história e se passou no Ipu. Eu morrerei com ela.

A MINHA GEOGRAFIA do Ipu se atualiza com os novos discursos e imagens acessíveis. Se atualiza com o contato de outros ipuenses e suas histórias, revelando novas faces dos muitos lugares que É.

NÓS AINDA PODEMOS admitir diversos lugares em nossas vidas. Admitimos até os des-lugares, reminiscências do que queremos esquecer, pois lembra sofrimento e dor apenas.

ENFIM, SE CARREGAMOS O IPU em nós, se mantemos com ele LAÇOS TOPOFÍLICOS, ele também é nosso LUGAR. E se, dos nossos lugares, o IPU é o mais relevante, isto nos faz IPUENSES VERDADEIROS.
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Fonte: site da AFAI – Artigos – Crônicas – pág. 07.
Acesso:100909

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