Data: | 25/09/2009 | |
Nome: | JOSÉ AIRTON PEREIRA SOARES | |
E-mail: | airton.soares.as@gmail.com | |
Assunto: | AFAILCA- Crônicas -28 | |
A VELHA IPU JÁ ..............M ........................O ...................................................R .............................T ...........................................A Por Raimundo Arcanjo ONTEM, PERCORRENDO AS RUAS DE SOBRAL, ANDANDO DESPREOCUPADAMENTE PELAS AVENIDAS CENTRAIS, E ADMIRANDO A AÇÃO DE BONS ADMINISTRADORES QUE AQUELA CIDADE TEM CONHECIDO NOS ÚLTIMOS ANOS, RECORDEI QUE NOSSA IPU JÁ RIVALIZOU COM ELA EM DESENVOLVIMENTO E EM COMÉRCIO, NO TEMPO EM QUE O SÉCULO VINTE VINHA RAIANDO E QUE O ALGODÃO DO NORDESTE DO BRASIL VIRIA ABASTECER ÀS INDÚSTRIAS DA INGLATERRA. MAS, DESDE O FIM da economia ferroviária, nossa cidade jaz morta; exangue, em uma anemia e em uma agonia de cortar o coração. A OPULÊNCIA QUE NOSSA CIDADE veio a experimentar nas quatro primeiras décadas do último século ainda se evidencia na imponência da nossa IGREJA MATRIZ, na elegância dos poucos prédios históricos que ainda não foram demolidos, como a PHARMÁCIA IRACEMA e a antiga FARMÁCIA DO SR. CHAGAS PAZ. = = = = = = = = = = = = = = = = = = = OS PRÉDIOS, ASSIM COMO OS HOMENS, têm alma e memória; se nos detivermos diante dos casarões de OSWALDO ARAÚJO, e daqueles pertencentes a famílias tradicionais, ou mesmo na nossa magistral e abandonada estação ferroviária, podemos mesmo jurar que eles lamentam; como que a pedir “PELO AMOR DE DEUS” que nós, os ipuenses de hoje, não os deixem perecer para sempre no abismo sem fundo do esquecimento eterno. = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = ALI, OUTRORA, RESIDIRAM “GIGANTES”, tais a magnificência da arquitetura, a imponência das sacadas, o gigantismo das portas, a elevação singular dos tetos. DAS SUAS PAREDES, parece que podemos mesmo ouvir as vozes de seus antigos moradores, a bradar para seus criados, num calor de um dia qualquer de um fim de tarde perdido para todo o sempre no abismo sem fundo do tempo. NA ARGAMASSA QUE UNE OS TIJOLOS, feitos com barro cru, podemos mesmo notar as marcas dos dedos de seus construtores, antigos serviçais a depender da benevolência e da boa vontade de seus patrões, senhores que outrora já dominaram a política e a economia de toda a zona norte do Ceará. AO ADENTRAR A RESIDÊNCIA, velhas fotografias de senhores sisudos nos observam com olhos vivos e enigmáticos, como velhos fantasmas de homens mortos e esquecidos há séculos e séculos. AS ALMAS DOS HOMENS E MULHERES que outrora ali viveram ainda se fazem presentes em suas casas, como que a nos vigiar os passos, de forma surreal e fantasmagórica, censurando-nos pela visita sem pedir licença; eles jamais deixaram suas residências, seus pertences e seus entes queridos; - - - - - - - - - NÓS, AS PESSOAS DE HOJE, É QUE SOMOS INTRUSOS ali; estranhos a violar a intimidade daqueles recintos sagrados. =================================== ALI, SEMPRE SE ESCUTA, A MEIA-NOITE, barulhos estranhos de redes rangendo sozinhas, de panelas e pratos num tilintar de alvoroço, de passos apressados nos corredores, de carícias e afagos trocados entre assombrações e almas penadas de antigos amantes já mortos, nas alcovas escuras a pagarem seus pecados com a penitencia de assombrar para sempre as pessoas vivas. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - POUCOS SÃO OS QUE TÊM CORAGEM DE ENCARAR AQUELES OLHOS, VIVOS E AO MESMO TEMPO MORTOS, E ALI PERNOITAREM. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - VELHOS AVÓS HÁ MUITO TEMPO ATRÁS ENTERRADOS se erguem vigilantes à noite em seus casarões centenários e saem em ladainha pelos cômodos dos casarões antigos do centro do IPU, num sussurro enlouquecedor, de sepulturas seculares e empoeiradas sendo abertas repentinamente, para reclamar uma existência e uma recordação por nós mesmos há muito tempo negligenciadas. EM SEUS CASARÕES EM RUÍNAS, em seus prédios históricas abandonados, em suas ruas antigas e esquecidas, A VELHA IPU chora um choro surdo e mudo das cidades mortas, como um cemitério abandonado à meia-noite; quando um uivo de um cão louco faz lembrar as almas penadas que ali residem; num choro fantasmagórico que, sufocado pelo barulho ensurdecedor dos automóveis e motocicletas que correm obstinadamente pelas ruas de hoje, silenciando mesmo o choro dos homens e mulheres que viveram por aquelas ruas, que amaram por aquelas alcovas, que construíram aquelas casas, que sentaram naquelas praças; e que continuam eternamente a sentar e a andar e a amar pela velha cidade morta e sepultada debaixo da cidade viva, pulsante e barulhenta. A CIDADE VELHA, QUASE QUE CAÍDA para todo o sempre em um esquecimento tão profundo que, PARA O FUTURO, ELA NUNCA EXISTIU, deixa mesmo correr um rio de pranto que à noite assombra os namorados, os noctívagos, os ladrões e os vagabundos, como um gemido de uma alma penada e um vento frio que vem do cemitério da cidade e que faz gelar o sangue dos mais valentes e supersticiosos. ESTA É A PIOR DAS MORTES; a morte total e definitiva; uma morte completa e irreversível; a morte de todos os nossos avós; e dos avós de nossos avós. Todos de uma só vez vêm juntos gritar a meia-noite, em pânico aos ouvidos insensíveis dos homens e mulheres vivos, como uma legião de anjos e de demônios na eterna agonia da batalha travada entre os santos e os diabos. MAS AS PESSOAS DE HOJE NÃO OUVEM, NÃO SENTEM; NÃO FALAM; COMO SE JAZESSEM TAMBÉM INERTES E SEM VIDA NAS RUAS DA IPU DE HOJE. - - - - - - Fonte: site da AFAI – Artigos – Crônicas, pág. 06. Sem data. Acesso 20/09/2009. |
A história de um povo também é feita de minudências afetivas e verdades comezinhas.
A CADA MEIA HORA UM PENSAMENTO DI FÉ RENTE
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sexta-feira, 25 de setembro de 2009
AFAILCA Crônicas - 28
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