Data: 11/03/2009
Nome: CLÁUDIO CÉSAR MAGALHÃES MARTINS
E-mail: claudiocmartins@msn.com
Assunto: A Igreja Católica e o Aborto
Prezados internautas,
Diante do momentoso caso do aborto provocado, em Recife, em uma criança de 9 anos, estuprada e engravidada pelo padrastro, e a conseqüente excomunhão dos envolvidos no caso (médicos e familiares) anunciada pelo Arcebispo de Olinda e Recife, D. José Cardoso Sobrinho, vale discorrer sobre alguns aspectos, até agora não abordados pelos que se manifestararm, neste site, sobre o assunto:
1. O Arcebispo não excomungou ninguém. Apenas lembrou os dispositivos eclesiásticos existentes sobre a matéria (Art. 2272 do Catecismo da Igreja Católica e cânones 1323-24 do Código de Direito Canônico). Diz o Art. supracitado: "Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae."
2. Concorde-se ou não com a posição do Arcebispo, que foi apoiada pelo Vaticano, pelo Núncio Apostólico no Brasil e pelo presidente da CNBB, não se pode desconhecer a coerência da Igreja neste e em outros casos. Aqui e alhures, esta sempre foi contra o aborto, baseada no princípio de que somente a Deus compete dar e tirar a vida de qualquer ser humano. Obviamente, tal princípio não vale para os ateus, para adoradores do demônio, bem como para outras correntes religiosas assemelhadas.
3. A legislação brasileira permite o aborto no caso em questão. Surge aí outra questão delicada: pode uma religião interferir em leis de um estado laico, como no caso do Brasil ? Ademais, creio eu, se os médicos e familiares excomungados agiram de acordo com a sua consciência, deverão prestar contas apenas a Deus, se nele acreditarem.
4. Quanto ao fato de a Igreja Católica perder adeptos por suas posições, é algo que não preocupa nem ao Papa nem aos bispos nem aos demais católicos verdadeiramente convictos. Sobre isso, gostaria de lembrar que, no século XVI, por não concordar com o divórcio de Henrique VIII, a Igreja perdeu milhões de católicos ingleses, que passaram a professar o Anglicanismo, fundado por aquele soberano. Eis aqui outro exemplo memorável de coerência e fidelidade aos princípios.
Feitas essas considerações, desejo ressaltar que respeito profundamente qualquer pessoa que, de acordo com o tribunal de sua consciência, defenda seus pontos de vista, desde que não firam as leis e os costumes consagrados do país.
Cordialmente,
Cláudio César
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