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domingo, 20 de junho de 2010

Saramago - tolerância e coerência - Cláudio César

Data: 20/06/2010
Nome: CLÁUDIO CÉSAR MAGALHÃES MARTINS
E-mail: claudiocmartins@msn.com
Assunto: Tolerância e coerência

Caros e tolerantes conterrâneos,

Apreciei deveras o sentimento de tolerância manifestado por vocês. Contudo, devo dizer que tolerância e corência são virtudes que devem andar juntas. É muito fácil dizer-se católico e deixar de rebater ataques e tentativas de ridicularização da fé que professamos. Uma das coisas que admiro nos muçulmanos (não fundamentalistas) é o ardor e a convicção com que defendem sua crença. Dito isto, afirmo, sem medo de errar, que boa parte da obra de José Saramago está voltada para vilipendiar e levar ao ridículo não apenas a Igreja Católica, mas outras confissões cristãs. "O Evangelho segundo Jesus Cristo" tenta apresentar nosso Salvador como um simples ser humano, sujeito a falhas e pecados inerentes à condição humana pecadora. "Caim" é ainda pior: além de atacar virulentamente a Bíblia, apresenta uma imagem distorcida de Deus, para ele inexistente e, como tal, merecedor de todo tipo de baixaria e ofensas de toda espécie. Talvez vários dos conterrâneos que se dizem tolerantes ignorem o ardor e mesmo a veemência com que os grandes santos (Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, São João Crisóstomo e Santo Inácio de Loiola, para citar apenas alguns) defenderam a fé católica contra ataques infundados de hereges e ímpios. Eles constituem exemplos para mim, ao contrário de católicos "mornos" e bonzinhos, para os quais "todas as religiões são iguais e verdadeiras", incorrendo no erro do "relativismo religioso", duramente combatido pelos dois últimos papas. Por detrás dessa "tolerância" não se encontrará uma certa dose de falta de convicção ou mesmo o receio de melindrar amigos e aliados ?
Confesso-me admirador de Oscar Niemayer, não apenas pelo seu talento no campo da Arquitetura, mas sobretudo pelo fato de, sendo declaradamente ateu e marxista, não atacar o sagrado, não tentar ridicularizar textos bíblicos e respeitar as diversas correntes religiosas existentes. Não é o que ocorre com J. Saramago, conforme já frisei.
Concluindo, dirijo-me ao "Pacificador", novo personagem anônimo surgido neste site. Primeiro, indago por que não quer mostrar a sua cara. Será medo de se comprometer ? Segundo, porque detectei uma séria incoerência em seu posicionamento, ao condenar-me por um suposto julgamento feito a Saramago, e, logo depois, afirmar que a intenção dos governantes que visitam o Papa é apenas tirar proveito político e não ouvir os seus sábios conselhos. Não haverá aí um terrível e injusto julgamento contra essas pessoas ? Portanto, caros conterrâneos, sejamos tolerantes, mas não incoerentes, pois, se assim agirmos, estaremos perdendo a credibilidade, qualidade sem a qual ninguém subsiste dignamente em qualquer comunidade em que esteja inserido.
Cordialmente,
Cláudio César

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