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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Escola Profissional - Lembranças...

Data: 26/07/2008
Nome: FRANCISCO DE ASSIS RODRIGUES CORDEIRO (CHICO PARNAIBANO)
E-mail: publi@hotlink.com.br
Assunto: LEMBRANÇAS DA ESCOLA PROFISSIONAL DO IPÚ


Mestre OLÍVIO,

Valendo qualquer texto - Lá se vai um email arremetido pro Seo TATAIS


From: PUBLIFORMA - FRANCISCO CORDEIRO
To: acm.mello@secrel.com.br
Cc: acmmello@gmail.com ; Abilio Martins
Sent: Friday, August 05, 2005 11:37 PM
Subject: ESCOLA PROFISSIONAL

Que tempo Sêo Tatais,
tava aqui ispiando a geringonça de uma máquina de serrar madeira e me veio a lembrança da ESCOLA PROFISSONAL DO IPÚ, que funcionava alí no casarão do seo Oswaldo Araujo, na esquina da Rua da Goela.

Além da escola fundamental - não lembro o nome - tinha a sapataria, carpintaria, tipografia (com o Antonio Gomes), música e arte sacra com o Mestre Louro.

Minha casa era vizinha a Escola Profissional, por onde eu virava e mexia em tudo que lá existia, além do que, numa bela chuvarada do intenso inverno de 1956?? O imenso muro que separava minha casa da Escola, foi ao chão com o peso da água da chuva e assim eu estava livre para entrar e sair na hora que bem entendia.

Aos domingos então, eu passava quase o dia todo dentro da ESCOLA PROFISSONAL DO IPÚ, principalmente na carpintaria fazendo caminhões de madeira aproveintando as sobras de sarrafos que o Mestre Chico ?? deixava de suas manufaturas de móveis e também “pínhões” que eu tentava fazer no torno a pedal, até que um dia eu acertei.
Lá na carpintaria eles produziam móveis, alguns máis sofisticados como guarda roupas, camas com tela de mola, mesas e cadeiras.
Tudo em madeira maciça, cedro, emburana e as vezes pereiro que era uma madeira branca tipo porcelana, muito dura e que precisava de muito cuidado para fixar um prego, pois ela rachava.
Na feira aos sábados eles vendiam o que era produzido na semana, como mesas quadradas com 4 tamboretes e até algumas retangulares com cadeiras, tudo em madeira de lei.

Na sapataria não lembro o nome do Mestre sapateiro, mas tinha uma intensa produção durante a semana: sapatos tipo social com solado costurado e de sola cilindrada em couro de vaqueta forrado com pelica.
Com o Feitosa - grande Feitosa - que viveu alguns anos na malandragem do Rio de Janeiro, passava o dia cantando sambas, principalmente os de breque do Kid Moringueira.
Feitosa me ensinou com muita dedicação parte do ofício de sapateiro, como cortar as peças de couro com os moldes - que ele desenhava os “designs” das alpergatas que eram de diversos modelos, fantasticos modelos.
Hoje talvez verdadeiras obras de arte sapateira.
Eu adorava cortar os aviamentos das alpergastas “V8” e depois fazer o acabamento que nas “V8” eram bem esmerados, tinha uma espécie de pestana que cobria os dedos dos pés, com desenhos de costura e outros desenhos que eram feitos com o vazador. Pois bem, Feitosa me ensinou muita coisa: cortar as peças, chanfrar o couro, apalazar e costurar.

O MESTRE LOURO não tinha muita paciência com a nossa ignorancia musical e as vezes se exasperava, mas era persistente no ensino, com ele tive um inicio de aprendizado musical, onde cheguei até o solfejo e já estava me habilitando a um clarinete, quando desisti.

Na tipografia foi onde eu me realizei, foi amor a primeira vista, eu ficava apiruando o Mestre Antomio Gomes com uma faquinha de nada fazer xilogravuras num pedacinho de cedro. Coisas incriveis ele fazia. Até que um belo dia ele perguntou se eu queira aprender o ofício e a primeira aula foi a respeito das medidas tipográficas: Cíceros, Pontos, Paicas, Quadrantins...
Em seguida aula de compor, aliás, antes foi aula de reconhecer os diversos tipos e aprender a distribui-los em suas caixetas, depois de aprender a distribuir os tipos em suas caixetas com rapidez e de olhos fechados, foi que comecei a compor.

Aí já era o ano de 1958. Quando larguei tudo e fui trabalhar na Pharmácia Iracema.

Pois bem, esta foto da máquina de serraria que estou aqui admirando, lembra muito o cenário do quintal da minha casa da Rua da Goela, tem até uma chaminé que lembra a da PADARIA DO GENTIL?? que ficava lá atrás da minha casa e onde hoje parece que ainda é a farmácia do Sebastião e da Cací (é assim que escreve?). Meu Deus! Nunca mais eu vi essa boa gente.
Sabe Mestre Tatais, muita gente teve um futuro pela frente graças a ESCOLA PROFISSIONAL DO IpÚ, que foi mais uma das empreitadas do Padre Moraes.

Inté mais vê!
Que hoje é sexta-feira, dia de samba na Vila.
Chico Parnaibano
Indo pra Vila, tomar um rabo de galo na bodega da Sergina
PS.: Escolteirin tà arrupiando no banjo e Zéribeiro no sax "Quem tive rmuié bonita, esconda do gavião...”

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