Data: 17/04/2009
Nome: JOSÉ AIRTON PEREIRA SOARES
E-mail: airton.soares.as@gmail.com
Assunto: . . . . crônicASemanal . . . .
17 04 09 - 1734
A ROUPA DA MISSA
Por Airton Soares
Na minha infância, e no começo da minha juventude, domingo era dia de ir à missa. E ia-se à missa todo nos trinques, usando-se a melhor e a única roupa - de tergal - que se tinha, com sapatos pretos muito bem nuguetados.* E tinha um detalhe: segunda-feira ou no decorrer da semana era de praxe repetir-se a mesma indumentária.
Por que a repetição? É bom dizer: não estava suja... Apenas enxovalhada. Uma sujeirinha de leve, invisível ao olho nu.
Precisava-se dessa justificativa, pois a grana era curta. Curtíssima!
- Mãe, qual é a roupa que eu vou pro médico? - Menino, vai com a roupa da missa.? Era assim. Por isso, a primeira roupa de tergal cinza, a gente nunca esquece.
Lembro também de uma jocosidade. (década de 60): Todas as vezes que o rapaz ia beijar a namorada arrotava. Tentava novamente beijá-la: novo arroto. Enfim, nunca conseguia beijar a namorada. Como é nome do rapaz? O nome dele é tergal porque ele não ama... arrota. Este trocadilho fazia alusão ao famoso slogan da época : Tergal é o único tecido que não amarrota nem perde o vinco.
Bom! já é tempo de escarafunchar a palavra tergiversar - que é o foco dessa crônica. Tergiversar vem do latim tergiversare, significando virar as costas, usar de evasivas ou subterfúgios.
E tergo, em latim quer dizer costas, dorso. Daí a expressão jogo de cintura que ora abunda no Senado brasileiro.
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* De nuget = cera para engraxar sapatos.
Arretado fim de semana
AS
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