Data: 22/04/2009
Nome: FRANCISCO PAULO ROCHA DE OLIVEIRA
E-mail: paulurocha@uol.com.br
Assunto: Monsenhor Moraes
Por
JOSÉ MARIA BOMFIM MORAIS - Médico
"O CURA TOMBA
Monsenhor Francisco Ferreira de Morais é morto.
Nas lonjuras do outono, ainda destemido e forte, como todo caboclo do sertão, se vai. Filho de Crateús, 97 anos, não alçou o centenário.
Morre na completude de sua gloriosa missão. Missas já finitas: Ita missa est, já proclamado.
Turíbulos apagados. Brasas frias. Cinzas polvilhando-se na vida.
Tantum ergo sacramentum, terminado. Panis Angelicus, silencioso. Ave Verum, completado. Exodus in memoriam.
Foi o operário da fé. Mysterium Fidei. Foi soldado da Igreja.
Obediente e convicto de sua valiosa e grandiosa missão.
Fartou a tantos na tábua da eucaristia. Imersou muitos no sacramento do batismo. Ungiu a tantos nos gasping e estertores da vida. Acolheu a todos.
Foi pleno. Foi plural. Saiu do Templo e foi edificar uma cidade: Ipu.
Renasceu no chão que não era o seu.
Construiu Colégios, Escolas, Maternidades, Centro Cultural, Casa do Menor Abandonado. Cidadanizou-se.
Um transformador. Como um Homero, fundador da literatura ocidental, foi um brilhante orador sacro.
Como Péricles, reformador da democracia, revolucionou.
Hoje se vai.
Vai como todos nós mortais. Leva-nos na sua saudade.
Deixa-nos na sua ausência. Alguns morrem na primavera. Outros esperam o descambar do sol. São os crepusculários.
Outros são entregues em plena aurora.
Outros, quando a noite é anunciada.
Alguns morrem na antevéspera.
Muitos nem esperam.
Monsenhor Morais preferiu a Páscoa. Onde o fogo santo brilha. Onde o círio pascal reluz. Onde os cravos descem da cruz para serem principio e fim. Alfa e Ômega.
A Páscoa será sempre amanhecer. Onde a morte morre.
Páscoa é ressuscitação.
Monsenhor Morais morre na primavera da vida da Igreja.
Morre, mas não morre. Vive, mas não vive.
Ressurge na grandeza da crença de que Jesus morreu, para que nós vivêssemos.
Eu sou a vida. Vem servo bom e fiel, vem regozijar-te com teu Senhor.
Ele viverá! "
Comento:
Carta publicada no jornal Diário do Nordeste de 20.04.09 e lida no final da Celebração de 7o. dia, realizada hoje, 4a. feira (22) na Igreja de São Judas Tadeu.
Paulo Rocha
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