O músico ipuense Alencar Sete Cordas dormiu em Brasília, e acordou no céu, com os acordes sonidos das melodias tocadas nos sinfônicos violões sem cordas, dos anjos e das estrelas!-jpMourão
||||||| Na madrugada de quinta-feira (15), deste setembro, faleceu o ipuense José Alencar Soares – o Alencar Sete Cordas, como era popularmente conhecido - vítima de infarto enquanto tocava violão no Clube do Choro, em Brasília (DF). Sobre ele, vários ipuenses e amigos pronunciaram-se no Livro de Visitas do site da AFAI. Acompanhe o que foi dito sobre o grande Alencar: # DIASSIS MARTINS - Lamentável: acaba de falecer em Brasília Alencar Soares, o maior músico que o Ipu já teve. Não consegui mais dormir com a notícia da morte repentina do grande Alencar Soares. Alencar estava tocando no Clube do Choro quando passou mal. Foi socorrido mas não sobreviveu. Sofreu um infarto fulminante.
# JOÃO TOMAZ, PRESIDENTE DA AFAI - Faleceu às duas horas da manhã desta quinta-feira, vítima de derrame cerebral, o conterrâneo e filiado da Afai, José de Alencar Soares. Alencar, amigo do Ipu e de seus filhos, mormente da "turma do Quadro" onde foi criado, desfrutou de uma amizade desinteressada de propósitos pequenos. Simples e amável, qualidade que "puxou" de seus pais, o nosso Alencar era tido como um respeitado "violão sete cordas", considerado um dos maiores do Brasil. (...)# PEDRO FORTUNA - Choro o falecimento do Alencar Soares, figura doce e amável. Jogamos juntos no Juventus F Club. Ele fazia parte da famosa linha do time: Totonho Balbino - José Ferreira - Da Chaga Sales, Ferreiirinha e Alencar.
# PAULO ROCHA, MARIA E FAIR MELO - Calaram-se as (7) cordas. Nossos pêsames a família do grande artista José Alencar Soares - Alencar "7 cordas" - que faleceu nesta quinta-feira em Brasília. Um pequeno trecho da matéria publicada em um dos maiores jornais do país - Correio Brasiliense dá uma pequena amostra do que representou o ipuense Alencar para a música brasileira. (...)# DAS CHAGAS SALES - Antes de tudo, o querido Alencar fez parte de uma das etapas mais importante da minha vida, como disse o Pedro, Alencar era uma figura doce e amável. Junto-me a sua querida família nesse momento de sofrimento e rogo a Deus que lhes dê o conforto que eles tanto precisam.
# ABÍLIO LOURENÇO MARTINS - Todos nós temos amigos. Uns prediletos, outros casuais, uns mais sinceros, outros oportunistas, mas, enfim, são os nossos amigos. Na minha infância tive uma longa convivência e amizade com José de Alencar Soares. Menino alegre, de riso espontâneo e fácil e, já, com um grande talento para a música, credenciando - lhe, ainda imberbe, a fazer parte de alguns conjuntos musicais. (...) Meu caro Alencar: Um livro seria pouco para narrar as nossas passagens, as nossas aventuras nos colégios, pensionatos e, também, nos bares da vida ... (...)# ASSOCIAÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DO IPU - A música amanheceu mais tristes nesta quinta-feira, 15 de setembro de 2011. As sete cordas de um violão emudeceram com o falecimento de José Alencar Soares nessa madrugada, em Brasília/DF, vitimado por um fulminante infarto enquanto fazia o que mais gostava: tocando o seu violão. A AFAI, por seu corpo de diretores, profundamente consternados, lamenta a perda não apenas de um de seus filiados, mas de um grande amigo e orgulho para todos os ipuenses: NOSSO ALENCAR SETE CORDAS. (...)
# CELININHA E FAMÍLIA BORIS - À Socorro, filhos, pais e irmãos do Alencar, o nosso apoio e solidariedade nesta hora triste. O Alencar foi um grande amigo de nossa família e por ele rezamos e pedimos a Deus que o receba de braços abertos.# JOÃO TOMAZ COM DANTE ALIGHIERI – “Não se pode exprimir com palavras a passagem do estado humano ao divino.” O Alencar está experimentando esta passagem...
# PEDRO FORTUNA (MISSA) - Comunico aos amigos de José de Alencar Soares, no tocante aos que moram no Rio de Janeiro; Será celebrada uma missa de 7º dia em beneficio de sua alma. Local - Paróquia São Paulo Apóstolo - Rua Barão de Ipanema, 85 - Copacabana - Rio de Janeiro - RJ Tel 2255.7547. Dia 21 de Setembro de 2011, às 18hs.# JOAQUIM GERLENE LIMA VASCONCELOS - Junto-me a todos no sentimento de perda enorme do nosso queridíssimo Alencar. Sabemos que a vida é assim mesmo, mas é muito difícil perder amigos, principalmente com o talento do Alencar. Só me resta pedir a Deus que o receba em paz e dê muita força e coragem à Socorrinha, aos filhos, à família toda e também a nós, que tanto lamentamos.
# HENRIQUE AUGUSTO PEREIRA PONTES (GUTO PONTES) - Manifestamos nossa emoção pela partida do amigo Alencar. Conheci o Alencar no ano passado em BSB, na casa da Tia Toinha e por uma feliz coincidência, tive a honra de fazer um dueto de teclado e violão neste mesmo encontro. Foi memorável! O Uruca e o meu Pai, Pedro Josino, também estavam lá e brindamos a amizade com a cachaça do IPU. Grande músico e EXCELENTE figura humana! Ficará na memória de forma muito especial. Nossa profunda vibração de solidariedade a todos os familiares e amigos!# MARIA DE LOURDES ARAGÃO CATUNDA (DALINHA) - Lamento muito, muitíssimo a partida de Alencar, fui mais que amiga de Alencar na adolescência. Estou com o coração pequenininho, pois sempre pensamos em reencontrar os velhos amigos, e fico desolada em saber que este sonho ficou tão distante. Alencar estudou em Ipueiras e não saía lá de casa. Meus mais sinceros sentimentos a familia enlutada.
# MARCÍLIO LIMA - O clube de chorinho de Ipu-ce, triste com a partida do nosso mais nobre chorão, José Alencar. Pede a Deus que conforme seus familiares e que a alma do nosso mestre exemplar Alencar alegre a todas as outras almas amigas que se encontram no paraíso A você Socorro Quixadá, Sr. Vicente e D. Iolanda. Meus sentimentos; Abraços. Clube de choro de Ipu (CHORO FELIZ).||||||| Agora, fujo do estilo desta coluna para mostrar um pouco do que falaram sobre o saudoso conterrâneo José Alencar Soares, em Brasília e Paris. Veja: # BRASÍLIA, DA REDAÇÃO DA AGÊNCIA SENADO - O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) lamentou nesta quinta-feira (15) a morte de José de Alencar Soares, o Alencar Sete Cordas, violonista e professor de música de Brasília. Ele morreu de enfarto agudo na noite desta quarta-feira, aos 60 anos, logo depois de se apresentar no Clube do Choro, casa que ajudou a fundar ainda nos anos 70.
Após fazer uma participação especial no show do pianista Antonio Carlos Bigonha, Alencar começou a se sentir mal e se dirigiu ao seu carro, onde foi socorrido por amigos e levado ao Hospital de Base, onde os médicos tentaram reanimá-lo.
O último choro do mestre AlencarBastante conhecido no universo do choro, do samba e da MPB, Alencar era um dos ícones do choro de Brasília. Rollemberg o definiu como um artista "muito respeitado". O parlamentar anunciou que a sala número 1 da Escola de Choro Rafael Rabelo, vinculada ao clube, ganhará o nome do violonista.
- Quero-me solidarizar com a família. É uma grande dor para todos nós - concluiu o senador.
# CHÉRI À PARIS: ALENCAR SETE CORDAS – Homenagem a um violonista intuitivo e genial, que acompanhou grandes músicos brasileiros do século 20 e desenvolvia método harmônico desconcertante.
Ontem recebi duas tristes notícias, duas pessoas que se foram. (...) A outra, um dos mais geniais músicos que já conheci, Alencar Sete Cordas. Professor de violão do meu pai, do meu irmão (de quem também foi parceiro) e meu (apenas por duas aulas, uma das quais conto aqui embaixo), o mestre Alencar tocou com gênios como Raphael Rabello, Nelson Cavaquinho e Cartola, e tinha um conhecimento musical de tamanho comparável apenas ao da sua simpatia. Como homenagem à sua arte e ao seu inesquecível sete cordas, republico essa semana no Chéri à Paris um texto que escrevi para o site Overmundo, há 6 anos.
Eu não sou chorão. Sou músico!
“Meu pai sempre fala que a vida da gente é como couro de cobra. Muda o tempo todo”, diz o cearense José de Alencar Soares, ao explicar a sua trajetória, revelando uma sabedoria passada entre gerações em sua terra natal, Abílio Martins, no município de Ipu, Ceará.
José de Alencar Soares é mais conhecido como Alencar Sete Cordas, um apelido que mistura seu nome de batismo e o instrumento que escolheu para tocar, o violão de sete cordas. E a sabedoria prática, como no caso da cobra, foi o que o levou à música, já que no sertão não havia métodos e professores.
Ainda criança começou a se interessar pela música. “Eu escutava Nelson Gonçalves e conseguia perceber perfeitamente o violão. Entendia a complexidade daquilo e ficava tentando reproduzir”. E em 1967, aos 16 anos, foi tocar guitarra em uma banda de baile, Os Cometas. No repertório, MPB, serestas, bossa-nova, músicas estrangeiras e, claro, muita Jovem Guarda. Estranho para quem veio se destacar no choro?
“Eu não sou chorão. Sou músico”, esclarece. “Adoro Jovem Guarda. Ainda sei tocar tudo daquela época. Esses dias estava reescutando os discos de Roberto Carlos e percebi mais uma vez a riqueza harmônica daquelas músicas”, revela.
A música tornou-se um trabalho, mas o pai de Alencar não enxergava ali um bom futuro para o filho. E, em 1971, mandou-o embora de casa. Podia escolher: São Paulo, Rio ou Brasília. Veio parar na capital, ao contrário de um conterrâneo famoso, que foi para a Cidade Maravilhosa.
“Naquela época, as pessoas saíam de Ipu para trabalhar em outras cidades. Hoje em dia, saem para serem bandidos. O Bem-Te-Vi (ex-chefe do tráfico na Rocinha, morto por policiais) era de lá.” Bizarro.
Seus primeiros anos em Brasília não foram muito produtivos musicalmente. Dedicou-se mais ao trabalho de funcionário público. E só arranhava o violão eventualmente, quando conseguia um emprestado. Tanto que sua volta definitiva ao instrumento só ocorreu em 1977, quando acompanhou um amigo em uma roda de samba feita por funcionários do Senado. Nada mais normal, caso ela não estivesse acontecendo durante o horário de expediente.
Esse amigo era Veloso, bandolinista que tocou com uma lenda do instrumento, Jacob do Bandolim. E a partir dessa e de outras rodas formou-se o embrião do Clube do Choro, fundado poucos meses depois na casa da flautista Odete Ernest Dias.
Desde então não parou mais. Já reconhecido como grande instrumentista, acompanhou nomes como Sílvio Caldas, Moreira da Silva, Paulo Vanzolini, Nelson Cavaquinho, Turíbio Santos e Cartola, de quem tem boas recordações. “Uma vez, depois de um show, ficamos bebendo até as 4 da manhã. Os músicos na cerveja e o Cartola no Conhaque Presidente, que ele adorava.”
Foi só depois que começou os estudos formais de música. “Tudo o que eu tocava era de ouvido e de intuição. Não sabia nada de teoria. Para mim, uma semicolcheia era um espermatozoide”.
E parece que ele aprendeu bem. Tão bem que virou professor. E há anos aperfeiçoa seus estudos e métodos de harmonias, já conhecidos e utilizados em outras cidades, como Rio e São Paulo.
Chegou até a dar umas dicas para Raphael Rabello. Perguntei se ele tinha sido professor do grande violonista. “Nunca. Ele só teve dois professores. Eu troquei umas informações com ele. Mas nós éramos grandes amigos”.
Os olhos de Alencar brilham ao falar sobre os métodos harmônicos que vem desenvolvendo. Parece entrar em um mundo próprio, uma espécie de Matrix musical. Esquece que está no meio de uma entrevista e passa uns 30 minutos explicando as possíveis modulações de cada tom. Fico olhando para o aluno dele, que está ao meu lado e gentilmente cedeu sua aula para que continuássemos o papo. E, como se fôssemos puxados para o universo alencariano, tudo aquilo que ele falava também passou a ser muito claro para nós dois.
Além desses estudos, nos últimos anos Alencar retomou suas atividades no renascido Clube do Choro, agora sob o comando de Reco do Bandolim. E chegou a fundar a Escola de Choro Raphael Rabello. Mas agora anda meio afastado de lá. “Por quê?”, pergunto. Ele me olha sorrindo e responde: “Porque a vida da gente é como couro de cobra. Vive mudando”.
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@ Que beleza é o Ipu, que maravilha somos nós, ipuenses, fora da política partidária !
- jpMourão