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sábado, 25 de setembro de 2010

2008 - FALECIMENTO DONA MARIA CAJÃO - HOMENAGEM

Data: 24/09/2008

Nome: FRANCISCO DE ASSIS RODRIGUES CORDEIRO (CHICO PARNAIBANO)

E-mail: publi@hotlink.com.br

Assunto: MARIA CAJÃO


Eu só ia terminar o meu recesso de homenagem a MARIA CAJÃO amanhã lá pelas nove horas.

Indagora há pouco minha irmão MIRTES me telefona pra perguntar o nome do dono da farmácia que morava na frente da nossa casa na RUA DO PAPÔCO - Eu respondi que era o JORGE MADEIRA - Ela me disse que tinha sabido da morte da MARIA CAJÃO e estava escrevendo um texto para o site da AFAI.

Lá se vai o texto de minha irmã MIRTES PARNAIBANO, mais do que isso eu também não tenho o que dizer. Apenas a imensa saudade que ficou.

CHICO PARNAIBANO

- Porque é bom ser do IPÚ


HOMENAGEM A MARIA CAJÃO

Foi ontem. A minha irmã Celene telefonou no meio da tarde e comunicou que Maria Cajão já não estava mais aqui, nesta terra. Eu havia perguntado por ela na semana passada, como era de costume sempre que falava com minha irmã.

Foi um resto de tarde de lembranças, de tristeza e de saudades.

Daquelas saudades e tristezas que se sente quando se mexe no baú que guarda o tempo.

Com Maria Cajão, presença constante na vida da miha família, se foi um pedaço da minha infância e adolescência na Rua do Papouco.

Depois, quando eu já estava terminando o magistério o Papouco se transformou em Av. da Municipalidade. Parece que eu escuto a gargalhada dela na calçada, sentada naquela cadeira, zombando do meu pai, Parnaibano, porque era chic morar na municipalidade, junto do Dr. Rocha e do Jorge Madeira, aliás, os dois adversários políticos dela e do meu pai.

Pois bem, com ela se foi também um pedaço da história do Ipu, tantas foram as histórias contadas, vivenciadas, e observadas.

Maria Cajão era prima do meu pai, muito amigos, disputavam entre si as informações e as histórias vivenciadas desde a dinâmica da política local até o funcionamento da “zona”, que se instalava com todo rigor acima da Rua do Papouco. Minha mãe, Nenên Torres era mais conservadora com relação a estas questões.

Meu pai tinha um lugar cativo, à noite, no banco dos “velhos,” na praça da Iracema e Maria Cajão mantinha o sua cadeira na calçada de sua casa. Quando meu pai subia à rua para casa, ela já indagava sobre as notícias da praça, e por sua vez meu pai também se inteirava do que já havia acontecido no clube dos Artistas.

Aliás, mesmo com a moderna Av. da Municipalidade, a “zona” lá permaneceu, e era normal que todos que moravam por perto, sentados nas calçadas à luz da lua, observassem o movimento noturno, até porque os que faziam o trajeto da rua que sobe da praça principal para atravessar os limites do Papoucu/Municipalidade, não se importavam de serem vistos passeando por aqueles lados.

E foram muitas histórias.

Quando meu pai morreu, a casa ficou com Itagira, uma coincidência significativa.

Indo embora aos 97 anos, viveu muitas vidas. Muitas tristezas intercaladas com muitas alegrias. Criou muitos filhos. Sozinha, com a ajuda de poucos, mas não se queixava, apenas reconhecia as dificuldades. Cuidou muito bem de Teté e de Francisco, o filho e o neto queridos, talvez porque inspiraram sempre mais cuidados. Era divertidamente alegre, bem humorada, cultivava uma certa ironia, sem perder em nenhum momento o sentimento da beleza que é viver.

Hoje me sinto pela primeira vez, nos meus 63 anos, envelhecida.

Quero prestar a minha homenagem a Maria Cajão, uma mulher corajosa e avançada para o seu tempo, que rompeu paradígmas, desafiou as normas vigentes na sua juventude, sem nunca perder o encanto como mulher, mãe, amiga, contadora de histórias que as novas gerações do Ipu não conhecem.

Sua vida poderia ser contada em livro!!

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