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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A morte de Delmiro Gouveia

Data: 23/08/2010
Nome: CLÁUDIO CÉSAR MAGALHÃES MARTINS
E-mail: claudiocmartins@msn.com
Assunto: A morte de Delmiro Gouveia

Prezados Ipuenses,
Dando sequência ao artigo de Hélio Ayres sobre Delmiro Gouveia, transcrevo um texto retirado do livro "Delmiro Gouveia, Pioneiro e Nacionalista", de autoria de meu tio, Francisco Magalhães Martins (Ed. Civilização Brasileira, 2ª Edição, 1979), narrando a morte deste grande ipuense:

"A cena do nefando crime foi rápida e brutal. Delmiro tinha jantado em companhia de seu vizinho Firmino Rodrigues, que, depois, de longa conversa, dele se despede, saindo, como de costume, com um "boa noite." E prepara-se para ler, como de costume, os jornais do Recife, que lhe trazem as notícias do mundo, inclusive da Grande Guerra. Senta-se na sua cadeira de vime, colocada entre outras no alpendre, ao lado direito do chalé, apurando na leitura a vista algo cansada, com o auxílio de uma lâmpada elétrica, em cima, que clareia bem o local e a sua imagem.
São quase 21 horas. O silêncio da noite, na vila, é acalentado pelo perpassar da brisa e pelo trepidar das máquinas da fábrica, entre vozes e cantigas das operárias do serão. Três vultos vindos da pequena curva da linha férrea, em frente, se dirigem para as proximidades da casa, esgueirando-se como répteis por entre os vasos e plantas do jardim. Da penumbra parte a descarga inesperada e certeira, ouvindo-se os tiros de rifle que vão fulminar o pioneiro.Um dos projéteis atinge-lhe o braço, outro o coração e o terceiro se perde na amplidão.
Todos acorrem ao local. Zé Pó, que tinha servido o jantar ou a ceia, correu e encontrou seu patrão gravemente ferido, agarrando-se pelas cadeira do terraço. Conduzido ao leito, anida pôde receber socorros, de todo inúteis, porquanto forte hemorragia interna foi-lhe paralisando logo os sentidos. Em estado consciente, chegou apenas a indagar se os cabras tinham sido presos, e, nas vascas da morte, ainda pronunciou um "Valha-me, Nossa Senhora."
Cordialmente,
Cláudio César

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