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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ipu: 170 anos de emancipação

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via blog prof. VITORINO

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Hoje a cidade de Ipu completa 170 anos de emancipação política. O jornal Ipu Grande em sua edição de Setembro (nº27), distribuído hoje traz uma matéria especial para comemorar a data. Reproduzimos abaixo a matéria.

A cidade de Ipu completa neste mês 170 anos de emancipação política. Mais do que uma data comemorativa, é um momento para se refletir sobre os seus desafios futuros. Para nos ajudar na reflexão o JIG preparou matéria especial mostrando um perfil detalhado da atual situação do município.

1. Demografia
A população estimada para a cidade de Ipu em 2009 era de 41.052 (IBGE), com uma população urbana próxima dos 60%. No entanto, o IBGE já realiza uma nova contagem que revelará a população de todos os municípios brasileiros.

2. Economia
Acompanhando uma tendência dos anos anteriores, o setor de serviços é aquele que mais produz riqueza hoje, com 68,57% do PIB (2006), contra 21,91% da agropecuária e 9,52% da indústria. O setor industrial vem apresentando nos últimos anos um aumento na participação na produção da riqueza. Tendência que deve se manter pelos anos seguintes.

A renda per capta do município ainda é muito baixa, pouco mais da metade da renda per capta do Estado, com R$ 2.848,00 em 2006 e R$ 3.194, em 2007. O PIB municipal vem crescendo ao longo dos anos, porém, não é acompanhado pelo aumento da renda média do cidadão. Isto significa que a riqueza do município aumentou, porém, não foi redistribuída.

3. Educação
Sala de Aula. Escola Auton aragão
Neste setor houve alguns avanços, se comparado aos anos anteriores, sobretudo no que se refere ao acesso à escola. Em 2007 a taxa de escolarização foi de 87,11% no Ensino Fundamental e 59,61% no ensino médio. A taxa de distorção idade/série vem diminuindo, assim como a taxa de abandono e de reprovação.

No entanto, as avaliações governamentais mostraram que o município tem de avançar no que se refere à qualidade do ensino. Pela avaliação do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação), referente ao ano de 2005, mas divulgada apenas em 2008, a cidade de Ipu apresentou um dos piores índices de aprendizagem entre os 184 municípios cearenses. Nas séries iniciais do ensino fundamental (1ª a 4ª), a nota média das Escolas Municipais, havia ficado em 2.2. Na ocasião o município estava abaixo da média nacional, que era de 3.8, e da estadual, que era de 3.2. Só ficava acima, no Ceará, de Monsenhor Tabosa, 1,7 e salitre, 1,8. Tamboril e Lavras da Mangabeira obtiveram a mesma nota de Ipu.

Pela penúltima avaliação do Ideb (2007), houve uma melhora de quase um ponto em relação a 2005, nas séries iniciais (1ª a 4º séries). Pela nova avaliação, a educação ipuense (da 1ª a 4ª séries) obteve a média de 3.1, superando a meta de 2.3, estabelecida para 2007. Nas séries finais do fundamental (5ª a 8ª), de acordo com a avaliação, a cidade manteve praticamente o mesmo índice de 2005, também com a nota 3,1.

A última avaliação do Ideb (2009) comprovou que a educação ipuense pouco avançou em relação às avaliações anteriores. No entanto, obteve uma melhora significativa na avaliação dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, que obtiveram a nota 4.0, ultrapassando a meta estabelecida para 2017 (3.9) e acima das avaliações anteriores, que foram de 2.2, em 2005, e, de 3.1, em 2007.
Praticamente não houve avanço na avaliação dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, cuja média foi de 3.2, meta estabelecida para o ano de 2009, mesma média de 2005 e de 2007.

A avaliação da 3ª série do Ensino Médio teve leve alta passando de 3.1, índice de 2007, para 3,2 em 2009, atingindo a meta estabelecida pelo MEC.
As avaliações governamentais têm mostrado que a educação municipal, ao longo dos anos, se recente de bons e consistentes projetos para a área. Infelizmente a pasta (ou secretária), como as demais, tem sido usada, muitas vezes como moeda de troca, ao longo de nossa história política.
Em 2008, a matrícula, no ensino fundamental, foi de 8.219 alunos, com 505 docentes, e no ensino médio, de 2.299 matrículas com 125 docentes.

4. Saúde
Hospital Regional (Municipal)
Houve uma sensível melhora, nos últimos anos, no atendimento médico/hospitalar à população ipuense, com a abertura de um novo hospital (Hospital Regional) e pelos programas federais de saúde pública, como o Programa Saúde da Família (PSF) e os agentes sanitários.

No entanto, o município ainda se recente de atendimento médico especializado, bem como de equipamentos hospitalares. Os casos de saúde mais graves ainda são encaminhados para Sobral e Fortaleza.
No serviço de saúde, em 2005, a cidade possuía 15 estabelecimentos hospitalares conveniados pelo Sistema único de Saúde, com 122 leitos.
Atualmente a população reclama da falta de alguns remédios nos postos de saúde.

5. Saneamento Básico
Alto da Boa Vista

Nos últimos anos o acesso da população local aos serviços de abastecimento de água encanada e tratada e de esgotos sanitários, aumentou de forma significativa. No entanto, os resultados obtidos não são suficientes para erradicar o problema. Os bairros que se ressentem de saneamento básico, na sede do município, são aqueles da periferia. Com o crescimento espacial da cidade, inúmeras localidades não contam ainda com sistema de esgotos e de água encanada e tratada, bem como de pavimentação das ruas, como é o caso do Bairro da Boa Vista, em evidente e franca expansão. Muitas ruas daquela localidade não possuem nem iluminação apropriada e o seu esgoto está a céu aberto.

Dada ainda às precárias condições de saneamento no município, persistem os riscos de epidemias por doenças de veiculação hídrica, como as diarreias e, dentre estas, o cólera, bem como as de transmissão por vetores, como a dengue, que recentemente tornou-se um problema de saúde pública.

6. Pobreza e Desigualdade
Bairro Corte

A cidade tinha 53,51% de sua população vivendo abaixo da linha de pobreza, de acordo com o Mapa da Pobreza e Desigualdade 2003, pesquisa divulgada em de dezembro de 2008. A linha da pobreza é calculada de acordo com as características de cada região. Estão abaixo desta linha, aquelas pessoas que não conseguem se alimentar satisfatoriamente.

A informação mostra que a cidade de Ipu pouco tem avançado no combate a pobreza e que são necessárias políticas públicas para tirar o município dessa situação vexatória. Muitos dos problemas vividos, hoje, pela cidade, são resultados da falta de políticas públicas para resolvê-los. E muitos de seus problemas sociais, têm origem na pobreza. Dificilmente, por exemplo, pode-se avançar na elevação dos índices de aprendizagem
dos alunos das escolas públicas, enquanto persistirem percentuais elevados de pobreza.

Os indicadores sociais da cidade de Ipu não eram bons. O índice de Desenvolvimento Humano (IDH), estava em 0,67, um patamar que evidencia um baixo grau de desenvolvimento. O IDH é medido numa escala que vai de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é um país ou região; quanto mais próximo de 0 (zero), menos desenvolvido é um país ou região. O índice gini, que mede as desigualdades sociais, estava em 0,41, o que significa alta desigualdade social. O coeficiente gini mede o grau de desigualdade existente entre os indivíduos a partir de escala que vai, também, de 0 a 1. O zero representa uma situação em que não há desigualdade e o 1, quando a desigualdade é máxima.

A realidade de pobreza vivida por Ipu é a mesma de outras 169 cidades cearenses, onde mais da metade da população vive na pobreza. Apenas 14 cidades do Ceará tinham, em 2003, menos da metade da população vivendo na pobreza. O menor índice, no Ceará, é de São João do Jaguaribe (35% da população vivendo na pobreza). Entre aquelas 14 cidades, estão Fortaleza (43,2%), Crato (44,3%), Ibiapina (48,7%), Aracati (48,8%) e Sobral (49,3%). Entre os municípios com os maiores índices de pobreza, lidera a lista a cidade de Saboeiro (79,5%), seguida por Salitre (71,2%) e Aquiraz (69,9%).

7. A degradação do Riacho Ipuçaba
Riacho Ipuçaba. Beco da Beínha

O Riacho Ipuçaba corta o município de Ipu e a sua nascente está localizada na serra, principalmente no Sítio São Paulo. Até as primeiras décadas do século XX foi a principal fonte de abastecimento de água para a população da cidade. Aos poucos as aguadas (chafarizes) foram substituindo o riacho como fonte hídrica de abastecimento até a construção do sistema de canalização de água no final da década de 1950.
Como em quase todo lugar, as agressões aos rios urbanos são quase inevitáveis, pela falta de políticas públicas de preservação dos recursos hídricos e a densidade demográfica. São várias as agressões ao riacho Ipuçaba, como a construção de habitações marginais ao riacho, em sua grande maioria, da população de baixa renda, pelo menos nos tempos recuados e atualmente invadindo os limites de cotas máximas de cheia e as leis, mais atuais, que proíbem as construções nos limites das margens; o desmatamento ao longo do riacho; a utilização do riacho para o despejo dos esgotos das edificações, com lançamentos diretos no seu leito, dos dejetos residenciais ou por infiltração do esgoto das “fossas secas”, situadas em suas margens; o lixo depositado em suas margens e a utilização das águas do riacho para a lavagem de roupa.

Ultimamente, as construções mais pujantes estão cada vez mais se aproximando do riacho, sem que haja, por meio dos órgãos competentes, a devida fiscalização.
O estado de degradação em que se encontra o riacho faz com que a população que reside ao longo de seu percurso, se encontre em estado de alto nível de insalubridade, sujeita a problemas de saúde. Diversas doenças infecciosas e parasitárias têm no meio ambiente uma fase de seu ciclo de transmissão, como as doenças de veiculação hídrica, com transmissão feco-oral. Algo que seria resolvido ou minimizado por meio de um sistema de saneamento e revitalização do riacho. No entanto, isso demanda empenho, gastos e projetos de longo prazo.

Muito se faz, nas escolas de Ipu, por meio de projetos, para a conscientização quanto a necessidade de se preservar o nosso riacho, porém, igualmente, pouco se faz, quase nada, para a despoluição e saneamento do riacho, o que compete aos poderes instituídos, a começar pelo executivo municipal que pouco tem feito para salvar, enquanto há tempo, o riacho Ipuçaba.

SAIBA MAIS
IDEB - O índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) aponta o desempenho de estudantes no final de cada etapa da educação básica: 4ª e 8ª séries do E.F e 3ª série do E.M. de escolas públicas e privadas de administração federal, estadual e municipal. Os resultados são considerados os mais importantes da educação no Brasil: aprendizagem e fluxo.

Por meio dos dados coletados nas escolas, são fundadas metas de qualidade do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) para a educação básica. O plano do MEC estabelece como meta que, em 2021, o Ideb do Brasil seja 6,0.

O IDH e o Coeficiente gini
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), foi criado pela ONU em 1990, para medir ou tentar medir o desenvolvimento econômico e, principalmente, social de cada país e região. Esse índice leva em consideração: a) fatores educacionais (taxas de analfabetismos, de população com ensino superior, etc); b) fatores ligados à saúde (expectativa de vida, taxas de mortalidade infantil, etc); c) fatores ligados à renda (renda per capita, distribuição social de renda); d) fatores como o acesso da população à informação, água tratada e saúde e vários outros itens. O IDH procura fazer uma síntese de todos esses fatores e classifica cada país do mundo numa escala de 0 a 1. O índice 1, que ainda não foi atingido por nenhum país do mundo, seria praticamente uma situação perfeita. O índice 0, que também não existe na realidade, seria o oposto. A ONU refaz os cálculos sobre o IDH de cada país todo ano, levando em conta as mudanças que ocorreram e os novos dados estatísticos. Em todos os relatórios publicados desde 1990 até hoje, embora a posição de cada país varie pouco, sempre os primeiros 21 colocados são todos dos países de primeiro Mundo: Noruega, Suécia, Austrália, Canadá, Países Baixos, Bélgica, Islândia, EUA, Japão, Irlanda, Suíça, etc.
O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini, e publicada no documento "Variabilità e mutabilità" (italiano: "variabilidade e mutabilidade"), em 1912. É comumente utilizada para calcular a desigualdade de distribuição de renda mas pode ser usada para qualquer distribuição. Ele consiste em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda (onde todos têm a mesma renda) e 1 corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa tem toda a renda, e as demais nada têm). O índice de Gini é o coeficiente expresso em pontos percentuais (é igual ao coeficiente multiplicado por 100).
Enquanto o coeficiente de Gini é majoritariamente usado para mensurar a desigualdade de renda, pode ser também usado para mensurar a desigualdade de riqueza. Esse uso requer que ninguém tenha uma riqueza líquida negativa.

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