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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Vernáculo - Farias Neto

Data: 28/06/2010
Nome: Farias Neto
E-mail: fariasnetolettras@hotmail.com
Assunto: Vernáculo

HÁ ALGUM TEMPO, no livro de visitas do antigo sítio da Afai, travou-se uma disputa, entre os internautas, em torno do uso correto da língua portuguesa. De um lado, um grupo de afaienses atacou algumas pessoas que escreviam para o LV, sem demonstrarem o devido domínio do vernáculo. De outro lado, um grupo de pessoas acusou aqueles afaienses de elitismo. Mais do que isso, defendeu que aquele espaço era refratário às mentes ipuenses e, como um clube nobiliárquico, se fechava em si mesmo, pois sempre, ali, escreviam as mesmas pessoas.

O QUE O EPISÓDIO demonstra é o fato de que, desde tempos remotos, o domínio da língua traduz-se num campo de disputas. Sobretudo, a fala e a escrita (o estilo, o uso correto da norma culta, o emprego das frases, uso da pontuação, a elegância da construção dos períodos ou o contrário) denotam posições de classe. Há até pouco tempo, apenas um grupo reduzido de letrados dominavam essa ARTE. Para os iniciados, a linguagem e a escrita não eram apenas códigos que, decifrados, permitiam a comunicação, mas também uma forma de distinção, de marcar uma posição, de traduzir uma condição social, um lugar demarcado.

PORÉM, hoje, as coisas se dão de modo diferente. Com o avanço da educação pública e o ingresso de pessoas de baixa condição aos bancos universitários, o acesso a informação, aos livros e ao saber, quebraram o monopólio do bom uso da língua falada e escrita. No entanto, o simples acesso ao saber não é suficiente para o bom domínio do vernáculo. Se por um lado, tal fato é uma realidade, por outro lado, tem gerado conflitos, uma vez que o domínio da língua já não se traduz, como antes, em um índice para medir a “fidalguia”. Antes, dominar a fala e a escrita eram prerrogativas dos “bem-nascidos”.

ALGUMAS PESSOAS sentem-se incomodadas quando os supostos não-iniciados no vernáculo invadem essa “seara”. “Desta'arte”, ou melhor, destarte, mesmo aqueles que pensam usar bem o vernáculo, quando escrevem, muita vezes, escorregam no estilo (na falta de um bom estilo): fazem uso excessivo de “palavras difíceis”, sobretudo aquelas do português arcaico para denotar erudição, cujo efeito é, no entanto, o pedantismo, próprio dos intelectuais de outra'ora (outrora); fazem mal uso da pontuação, usam, também excessivamente, ao se dirigirem a um conhecido, elogios gratuitos; alguns usam repetições desnecessárias, outros citam autores e livros que nunca leram, senão na wikipédia ou em manuais didáticos, repetindo ao infinito (“ad infinitum”), o repetível. Há aqueles que recheiam o seu texto com expressões latinas, como nossos autores ancestrais, sem necessidade.

EXISTEM MUITOS manuais que "ensinam" a escrever bem. Mas, sem leitura (e boa leitura) e a prática dificilmente se adquire a ARTE de bem escrever. Há pessoas que leem muito: leem horóscopos, auto-ajuda, ficção científica, “best-sellers” daqueles que se compram em bancas de revista, revistas de fofoca e o “Paulo Coelho”! Precisa comentar? Há aqueles que acham que dominar a escrita e o vernáculo é, simplesmente, dominar a ortografia, e ficam procurando erros de digitação para denegrir aqueles que escrevem.

FINALMENTE, a partir de hoje, usarei literalmente, como diziam os pedantes “ad litteram”, este espaço para dar dicas sobre como escrever bem, de forma elegante e, sobretudo, com estilo capaz de fazer uma pessoa escrever sobre quaisquer assuntos e seduzir o leitor.

ACHAM que sei alguma coisa? Na verdade quero apenas treinar e os cobaias são vocês.....

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