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terça-feira, 9 de março de 2010

Em Torno da Chuva - Tobias Sampaio

Em Torno da Chuva

Tobias Marques Samapio
Cá de longe eu ouço
É da barrenta água que desce
A sinfonia sobre o lastro de pedras.
Em corredeira trepida por sob árvores,
Raízes e sobre o lajedo
Desfila espumante, ora calma,
Ora esfuziante até se ter no Gangão,
Onde é mais aconchegante.
O tempo não mais tão escuro
Mostra um paredão brilhante
E vertentes refletem os raios meio inibidos do sol
Projetados sobre as rochas.
Ainda é uma manhã evasiva,
A cidade parada começa a se movimentar
E um ou outro veículo sai
De um lado para outro,
Espalhando água.
As salas de aula quase vazias,
O comércio, até então, de meia porta atada,
Começa a fluir,
Aos poucos, dando seqüência à vida.
As atividades parecem interrompidas naquele inicio de dia
E as dependências das casas residenciais formam abrigos,
Literalmente.
É água por todo lado.
Da plataforma de pedra mais água se esparrama
E em cantos estratégicos parece confundir
Duas cascatas em profusão equivalente,
Bica de Iracema e Bica do Riachão
Conquistando o visitante pasmo.
A cidade parece viver uma tormenta,
Mas nada de inóspito.
Vinte minutos depois as ruas fervilham:
Ambulantes, feirantes, operários de rua,
Enfeitam praças e ruas arregaçando as mangas,
Fazendo com que a cidade viva.
Uma comitiva se aventura e em passeata
Vislumbra-se com a enxurrada da manhã.
Vários palpites indicam
E o inverno promete um ano de fartura,
Salvo as enchentes e trombas d’água.
Em meio a trovoadas e relampejos constantes,
Nuvens carregadas e escuras insistem,
Dia após dia,
Sobrevoando e chocando com o horizonte
De pedras e vegetação nada uniforme,
Aqui e ali não muito distante.
Campos e prados se agitam:
É gente, animais, pássaros e até insetos em folia.
É esperar, torcer
E ver as variedades brotando
Do campo para os centros urbanos,
Gradativamente...

afai-artigo-poesia p 12

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