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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ipu - Educação

IPU REMINISCENTE - TRABALHO SOBRE EDUCAÇÃO

IPU NA DÉCADA DA EDUCAÇÃO

Por jpMourão - publicado no jornal O POVO

de 27 de julho de 1971, na então página

dos Municípios, após ser apresentado no

VI Congresso de Jornalistas realizado

pela ACEJI, na cidade de Limoeiro

do Norte, de 08 a 11 de julho

daquele ano.

Agora, no início da “Década da Educação”, apesar de o Grupo Escolar Cel. José Lourenço ter sido construído ha quase seis anos e ainda não haver funcionado, simplesmente por falta de contratação de mestras – e em Ipu existem muitas – a rede escolar primária ipuense está, podemos dizer, muito bem servida.

Acontece, porém, que a mocidade descendente de famílias pobres do município de Ipu – e é a maioria – já nasce predestinada a possuir somente o curso primário. Antes que nos perguntem se não existem estabelecimentos do ensino secundário em Ipu queremos informar que existem quatro e que por ordem de antiguidade são: Ginásio Ipuense, Ginásio Sagrado Coração de Jesus, Escola Normal e Escola Técnica de Comércio José Farias, todos, muito bem dirigidos e com corpos docentes que nada deixam a desejar, é o que sabemos.

No entanto todas são pagas e poucas são as famílias ipuenses que possuem rendas suficientes para custearem o estudo secundário de seus filhos nos estabelecimentos de ensino de Ipu, e, muito menos ainda, as que conseguem fora de lá, mesmo as que possuem parentes em outras cidades que possuem escolas de ensino gratuito, de nível ginasial e colegial, a fim de poderem galgar com muito sacrifício um curso superior nas faculdades existentes no Estado, principalmente nas de nossa Capital.

Naturalmente, pela falta de meios financeiros dos pais de alunos, o Ginásio Ipuense e mais acentuadamente a Escola Técnica de Comércio, por exemplo, fundada em 1966, funcionou três anos, diplomou uma turma de 10 contabilistas em 1968 e, por vários motivos, foi obrigada a suspender suas atividades. Mesmo assim, todavia, com muito esforço e especial boa vontade dos educadores ipuenses voltou a Escola de Comércio a funcionar este ano, não se sabendo até quando conseguirá sustentar-se. Convém ressaltar que os estabelecimentos de ensino secundário de Ipu, embora com suas precárias condições financeiras, tem proporcionado muitos benefícios não só ao Ipu, mas também, às cidades circunvizinhas.

COLÉGIO DE ENSINO GRATUITO

Um Colégio ou mesmo um Ginásio Estadual, de ensino gratuito, é necessidade prioritária e indispensável ao município ipuense antes do primeiro qüinqüênio da Década da Educação. Não é de agora, mas se há muito tempo, que, neste sentido, vêm sendo feitos pedidos das famílias de Ipu sempre subsequenciadas pelas promessas não cumpridas dos nossos governantes. Os ex-governadores Virgilio Távora e Plácido Aderaldo Castelo são devedores destes prometimentos. Ipu e seu povo há bastante tempo, sofrem as conseqüências dos “Zé promessas”. Se as informações não nos falham, a fundação de um Colégio Estadual também já constitui empenho do atual Governador, feito quando, antes de sua posse esteve em visita ao Ipu. Pelo tempo que o Cel. César Cals de Oliveira se encontra no poder ainda não merece o descrédito dos ipuenses pela promissão. Por outro lado, não nos impede de nesta oportunidade o lembremos o cumprimento de promessa, se ela realmente existe, e em caso contrário que formulamos-lhe tal pedido solicitando-lhe que neste particular não imite os seus antecessores, alertando-o ainda de que melhor será não prometer, do que prometer e não fazer.

FILHOS VITORIOSOS

No ultimo censo, quando todas as cidades do “hinterland” tiveram sua população aumentada, Ipu teve-a diminuída. Os motivos, sabemos, são vários. Um deles, afirmamos, é a impossibilidade de os rapazes pobres se educarem. Emigram para as Capitais do nosso e de outros Estados, à procura de empregos que lhes possibilitem pelo menos a sobrevivência e o custeio de seus estudos. Alguns conseguem seu intento, se formam e para lá não mais voltam; a maioria, no entanto não o conseguem, mas pelas outras terras também ficam.

Outros também conseguem transformar suas derrotas em degraus para subirem de outras maneiras, de qualquer jeito conseguindo vitórias, transformando-se em homens valorosos. Destes, uns ajudam com seus meios próprios sua terra natal, como Milton de Sousa Carvalho e seus irmãos; outros, com suas idéias maravilhosas conseguem soerguer outras cidades e até região, como o pioneiro da eletrificação do Nordeste, Delmiro de Gouveia de Farias. Mas, o futuro do Nordeste dependia dele, e por causa dele, aquele futuro está chegando, está-se tornando presente. Isto porque Delmiro não pensou somente nele. Desenvolveu suas atividades comerciais e industriais voltadas para o benefício comunitário. Pós-morte, o nome de Delmiro Gouveia tem sido dado a cidade, a ruas, a praças e fábricas; hermas têm-se erguido, vários livros foram editados com sua biografia. Tudo isso, reconhecemos, procurando os poderes públicos, os escritores e até o próprio povo de sua terra natal e da cidade que fundara, lhes dar as recompensas de que é merecedor. Neste caso, como ipuense que somos e ao Ipu amamos, achamo-nos com direito de reivindicar em homenagem a Delmiro Gouveia, não mais algo semelhante ao que já foi feito, mas educação secundária grátis para seus conterrâneos. Será esta a maior e mais proveitosa reverência ao idealizador da fonte que está operando a redenção econômica do Ceará e do Nordeste.

SATISFAÇÃO E GRATIDÃO

O homem nunca está satisfeito. Deseja o luxo, e ao possuí-lo quer a simplicidade. No calor do verão, deseja o inverno, e, no frio do inverno, lembra com saudade o verão. Quando está faminto, nada mais deseja senão comer; quando está satisfeito, não mais deseja qualquer alimento. Se livre, procura confinamento; confinado, busca a liberdade.

Contrariando a tudo isto, satisfeito e grato ficaríamos se o Governador do Estado e as autoridades competentes do Ministério e Década da Educação criassem um Colégio Estadual em Ipu, e em ultimo caso um Ginásio, antes do término do primeiro lustro da Década da Educação. Também concedessem auxílio, através de verbas, ao Ginásio Ipuense e principalmente à Escola Técnica de Comércio José de Farias, antes que ela volte mais uma vez a cerrar suas portas. Na impossibilidade de atendimento aos pedidos anteriores, seja feita a encampação de ambas as escolas, transformando-as em Colégio e Ginásio mantidos pelo Estado com aproveitamento dos dirigentes e corpos docentes atualmente existentes.

Aqui, nos apresentamos, apenas, como um veículo dessas solicitações, pois todas elas não são puramente nossas, mas das famílias do Ipu. Por elas e por nós agradecemos sinceramente às autoridades por realizá-las.

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30/08/2008
afai - fatos históricos p 01

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