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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

História do Ipu - Caso MADUREIRA

Data: 04/03/2008
Nome: ANTÔNIO CARLOS DE MARTINS MELLO (TATAIS)
E-mail: acmmello@gmail.com
Assunto: HISTÓRIA DO IPU - ATAQUE AO MADUREIRA

O primo Claudio, mais moço que eu, não viu o que ocorreu com o antigo adepto do PCB, o gaúcho Hugo Madureira Coelho, cujo filho, o Heron, era meu amigo de infância. Corria o ano de 1945/6, salvo engano. Na verdade, o episódio foi precedido de uma passeata pelas ruas do Ipu contra o pichamento de muros e batentes (muitas calçadas eram altas naquele tempo, ainda não havia os chamados fios-de-pedra, mais rebaixados): TABELAMENTO era a legenda para mim misteriosa em todo o Ipu. Tratava-se de palavra-de-ordem, contra a carestia, expedida pelos comunistas do Madureira - explicou-me minha mãe. A passeata, orientada pelo coadjutor paroquial, padre Cauby Jardim Ponte e composta por filhas-de-maria (eu me lembro da Lindinha do Mané do Céui) e outros religiosos (praticamente só havia católicos na cidade); o cortejo foi muito animado, eu no meio naturalmente. Quando chegamos ao lado da matriz, pouco abaixo da esquina da rua do Papoco, houve o ataque à sede da LIGA DOS OPERÁRIOS DE IPU, que ocupava umas duas ou três pequenas lojas pertencentes ao meu tio afim Francisco Pinho, pai do Cláudio. Dizia-se que, à noite, os comunistas se reuniam para cuspir e quebrar crucifixos e outros objetos sagrados, tanto que fechavam as portas para ninguém ver. Minha querida tia LUIZINHA, mãe do Cláudio, nos contou, a mim e à minha mãe, que a visitaríamos no dia seguinte, bem cedo, que o próprio chefe Madureira escapara pela sua casa, após saltar o muro, pelo menos foi isso que entendi da narração, recomendando que não espalhássemos. Àquela época, havia um movimento de legalização do PCB, segundo eu saberia depois. Um dia desses, descobri pela internet o nome do velho Hugo numa pequena cidade gaúcha, para onde expedi mensagem de que até hoje espero inutilmente resposta. Finalmente, parece oportuna esclarecer que, de fato, o vultoso dano do arrombamento foi suportado pelo saudoso Pinho, não porque Madureira foi transferido, mas porque seria difícil imputá-lo à turba.

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