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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

História do Ipu - Caso MADUREIRA - poesia BARCOS DE PAPEL

Data: 05/03/2008
Nome: OLÍVIO MARTINS DE SOUZA TORRES
E-mail: oliviomst@yahoo.com.br
Assunto: HISTÓRIA DE IPU

A propósito de alguns fatos que coloquei neste “site”, envolvendo a figura lendária do Madureira (Hugo Madureira Coelho), Coletor Federal de Ipu, e que, como político, integrava as hostes do PARTIDÃO (Partido Comunista do Brasil), vieram, em boa hora, os depoimentos de Cláudio César e Tatais – parentes meus bem próximos – sobre aquele líder marxista. A respeito de marxismo vêm-me à mente as palavras do grande estadista inglês Winston Churchill: “Quem aos vinte anos não foi marxista não tem coração. Quem aos quarenta continua marxista não tem inteligência”. Mas não quero, aqui, entrar no mérito dessa ideologia. Desejo apenas registrar a necessidade de se escrever a História de Ipu, pois ela, na realidade é muito rica. Alguém, que a conhece bem, deve assumir essa tarefa que não é fácil. Temos de aproveitar os conhecimentos das pessoas mais idosas que foram testemunhas de fatos históricos relevantes, pois já perdemos algumas dessas pessoas que conheciam profundamente a nossa história.Cito apenas dois: o Srs. João Chiquinho e Francisco Elmiro Martins, este último filho do Cel.
Félix Martins e meu tio-avô. O tio Chiquinho, como era conhecido pelos sobrinhos, exigia destes a bênção, às vezes mais de uma vez por dia. Foi ele quem forneceu informações e dados importantes sobre Delmiro Gouveia àqueles que escreveram a biografia desse célebre ipuense, os quais ficaram impressionados com sua memória e conhecimentos dos fatos ocorridos em Ipu ao longo de sua história.A História de Ipu, como frisei acima, é rica e interessante nos seus aspectos histórico, geográfico, político, econômico, antropológico, educacional, artístico, cultural e social. Não é por acaso que estudantes ipuenses elegeram HISTÓRIA para sua formação acadêmica, alguns com especialização e mestrado nessa área. A eles, poder-se-ia sugerir-lhes a assumir esse ingente e hercúleo trabalho de pôr no papel a nossa história .É, sem duvida, um trabalho difícil que demanda tempo e pesquisa, mas, como dizia Camões - o vate maior da literatura de língua portuguesa – em seu poema épico Os Lusíadas: “As coisas árduas e lustrosas se conseguem com trabalho e com fadiga”. Outros, porém, como o Tatais, Cláudio César, Chico Melo, Boris, Eunice Aragão e Valdemir Mourão, conhecedores e entusiastas de nossa história, bem que poderiam assumir esse desafio. Ainda com relação ao comentário do Tatais, neste “site”, sobre a propaganda do Madureira contra a carestia e outras mazelas existentes naquela época e que perduram até hoje, que era feita com pichações em muros e nas calçadas altas – que chegavam até mais de um metro de altura -, pois não havia meio-fio de pedra, recordo-me do que me contou meu pai – Abdias Martins -, que assumira a prefeitura de Ipu, em 1949, com a morte de meu avô Raimundo Rodrigues Martins, primeiro prefeito eleito do município após o Estado Novo.Com efeito, foi o prefeito Abdias Martins que colocou fio de pedra nas calçadas de Ipu, rebaixando-as consideravelmente, usando uma tática convincente e harmoniosa, ou seja, as primeiras calçadas a serem rebaixadas foram as das casas dos seus correligionários políticos para que os adversários não pudessem reclamar. Mas mesmo assim essa tarefa não foi fácil e desagradou a muitas pessoas, pois tiveram elas de fazer degraus nas portas de entrada de suas residências. A única calçada que não foi rebaixada foi a da casa do Coronel José Aragão que, embora adversário político, teve sua vontade respeitada pelo Prefeito Abdias Martins. E, frise-se que, até 2007, essa calçada permanecia ainda em seu estado primitivo, até que, juntamente com a casa do Cel. José Aragão, foi finalmente tombada, infelizmente, não pelo IPHAN mas a picareta e hoje serve de depósito alugado pela Prefeitura. A calçada mais alta de Ipu, creio eu, era a Rua da Itália com a Rua Antônio Martins, Nesta rua, que não era calçada, soltávamos eu e os amigos barquinhos de papel após as enxurradas e os acompanhávamos até o Mercado Público que ,hoje, é denominado MERCADO PÚBLICO FRANCISCO MOURÃO, homenagem feita
com muita justiça àquele ipuense ilustre..Para rememorar esses fatos, transcrevo, a seguir, para matar saudades de nossos conterrâneos, em sua infância feliz, o belo soneto do poeta Guilherme de Almeida “Barcos de Papel”.

Cordialmente,
Olívio
Fortaleza, 04.03.2008




Barcos de Papel

Quando a chuva cessava, e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada,
eu saia a brincar pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.

Fazia de papel, toda uma armada
e, estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada...

Fiquei moço e hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são feitos de papel, são como aqueles...

Perfeitamente, exatamente iguais...
- Que os meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais!...

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