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domingo, 12 de julho de 2009

AFAILCA - Crônicas 14

Data: 11/07/2009
Nome: JOSÉ AIRTON PEREIRA SOARES
E-mail: airton.soares.as@gmail.com
Assunto: ACOLÁ ARQUEJA UMA MÍSERA ANCIÃ , expondo em cada ruga uma parcela de sofrer,no acinzentado do seu olhar,o desfalecer das ilusões que a história da vida lhe pusera a revelar..

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Sábado, 11 de julho de 2009
Dia Mundial da População... e é no
silêncio da noite que a população cresce...
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....... . . . . . . . . . .AFAILCA - Crônicas 14

É NATAL
Armando Nascimento de Jesus

Por João Antonio Martins

EUFORIA DE CONSUMO, como se ricos fôssemos, entrega um noivo a sua amada um lindo e negro automóvel importado envolto por um laço de fitas vermelhas.

IPANEMA, SALA DE VISITAS DO PAÍS, ao lado de uma banca de jornais, sujo, sobre alguns papelões dormia um homem-de-rua, espécie nova de ser dos tempos modernos. Senta-se e põe-se a espiar o espalhafatoso espetáculo. Sob o som animado e grave de auto-falantes, dá-se a entrega do pomposo presente de natal. Brada o homem-de-rua num ar de deboche:

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“MAIS UM CORNO NA ÁREA”.
Acerquei-me dele e puxei conversa: - Tudo bem, conterrâneo?
- Tudo! Respondeu.
- Qual é teu nome?
- Ele ironicamente: Armando Nascimento de Jesus.
- Ajuntaram-se de repente vários curiosos que num extasiado ôôô! Exprimiram o inconsciente coletivo...Qui Natal! ~
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A POUCOS METROS DALI, num suntuoso templo climatizado, um grupo de elitistas e indiferentes fieis, alheios a tudo e a todos entoava´: Noite feliz! Noite feliz!...enquanto o verdugo miliciano retirava do pórtico uma esquálida mulher, em cujos ombros choramingava seu subnutrido rebento; Debalde instava aos presentes uma esmola pelo amor de Deus.

PARALELAMENTE, EXIBIA um telão nas imagens geradas pela R.A.I., os supedâneos e nestes a deslizar as “Sandálias de ouro do pescador”, sua Santidade, o Papa, impossível indiferente portar-se diante do conflitante quadro.

PARO A MARCHA DO TEMPO PARA RESPIRAR como se pulmões tivesse ou se pudesse estagná-lo, volto-o e vejo-me agora descendo o alto do “cachimbo”, olho para o lado, observo que numa baixa comeeira um cata-ventos suga dos ares os bons ventos e com eles faz movimentar um espectro agarrado a uma manivela. Nada mais por ali, todos dormem e é Natal.

VOLTO-ME A CIDADE DE SÃO SEBASTIÃO do Rio de Janeiro, fevereiro, março,... sei lá, agora Dezembro – um sem-numero de acontecimentos, os mais escabrosos. A alegria é falsa na maioria dos casos, constando a tristeza de alguns que, de tão cruel, têm sempre junto de si um fato real.

CONTRADIÇÃO, DO ALTO DO MORRO ,fogos e artifícios rasgam os céus num beligerante clarão, mas um alerta aos que vivem fora-da-lei, do olhar vigilante da polícia que adentra em uma das quinhentos e cinqüenta e duas favelas existentes na Cidade Maravilhosa.

ACOLÁ ARQUEJA UMA MÍSERA ANCIÃ , expondo em cada ruga uma parcela de sofrer,no acinzentado do seu olhar,o desfalecer das ilusões que a história da vida lhe pusera a revelar.. Alguém mais próximo inutilmente sai em busca de socorro.

EIS QUE CHEGA o PATAMO ( patrulhamento tático móvel) desviam-se as funções , imediatamente conduz a velha senhora ao serviço de assistência médica mais próximo, onde abnegados vestidos- de –branco envidam todos os esforços em minimizar entre outras mais aquela dor. ” Empilhados feito containers no porto, os apartamentos agora sob o cintilar de pequenas luzes próprias dessas ocasiões, parecem flertar com o mar que silente em sua humildade, apesar da sua grandeza, parece cantar baixinho uma canção de ninar ao menino pobre que nascera há dois mil e quatro anos.

EM CADA UNIDADE AUTÔNOMA, melhor dir-se-ia isolada, a ninguém importando a vida ,o ser ou estar de outrens, riem-se, choram, às vezes silenciam., reunidas em famílias sufocando cada uma sua dor,lamentando ausências ou simplesmente banhando-se em cascatas de champagne (digo prosseco), isto é Natal.

ORA EM NOUTRA FREGUESIA, FILHO DA MESMA FÉ como bem elucida a etmologia, tão diversa e tão semelhante , mesmo tanto tempo depois, à mesma atmosfera eclode o passado ido, embora atenuado pela brilhante idéia do NATAL SEM FOME a mesma dor , aínda fere as retinas daquele que um dia sentira o frio da desgraça . Reflete-se como flash na memória esse pesar como se cicatrizes fossem.

A MESA , MAIS UM “PARDAL-FERIDO” que talvez pelas marcas que lhe deixara o tempo, quiçá por essas ou por um ínfimo olhar humano, teima em querer enxergar ou perseguir um Natal aos moldes declinados pelo Supremo Mestre a todos seus semelhantes, como se humanos não fôssemos.

FELIZ NATAL!!!
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Fonte: site da AFAI – Artigos – Crônicas, pág 14 – acessado em 11/07/2009.

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