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sábado, 28 de novembro de 2009

AFAILCA Crônicas - 39

Data: 26/11/2009
Nome: JOSÉ AIRTON PEREIRA SOARES
E-mail: airton.soares.as@gmail.com
Assunto: AFAILCA Crônicas - 39

EVOLUÇÃO

Por Vitorino


QUE LEGADOS eu e você podemos deixar para nossos filhos? Que patrimônio histórico e cultural, artístico, urbanismo e NATURAL podemos legar à posteridade, às futuras gerações?

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VIVI DOZE ANOS DE MINHA
EXISTÊNCIA DISTANTE DESSA
“TERRA MALDITA”, chamada Ipu.
Como um fantasma, diariamente
ela me “infernizava”.
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NÃO VIVIA UM SÓ DIA que não pensasse nela, que não sonhasse com um retorno triunfal. Eu, talvez mais do que ninguém a amava. O Ipu não era para mim um espaço, mas um lugar. O Espaço, na maioria das vezes, tem o sentido ligado a um local físico, geográfico, um “lugar” qualquer. O lugar não? Este está carregado de significados. Eu aponto com o dedo e digo: “foi naquele lugar onde eu nasci”. Foi ali onde eu cresci, onde eu namorei pela primeira vez, onde eu “Gozei” e gozei a minha infância. Lá estavam meus irmãos, meus pais, minha primeira namorada, foi lá que eu dei meu primeiro beijo, mas também tive as primeiras decepções.

FOI LÁ (AQUI) QUE EU APRENDI as minhas primeiras lições de vida que hoje me são tão caras. Era lá que tinham as novenas, o pavilhão, a estação onde, à noite, após a missa e depois de muito rodar em torno do bar do “chiquim” íamos namorar - pois lá era mais escuro e romântico - eu e aquela baixinha feia, mas que em minhas lembranças tem um lugar de rainha, ou tinha até o momento que a vi novamente(oh, Deus como “pudi”!....). Aquele passado é intocável, já virou sonho para mim.

AH, O IPU ERA PARA MIM UM LUGAR IMENSO. Na fenomenologia de Bachelard o espaço é um sítio povoado por afetividades, habitados por intimidades, no qual moram desejos, medos e sonhos (Bachelard, “A poética do espaço”). Todos nós já deve ter experimentado a sensação de estranhamento quando, adultos, retornamos ao lugar onde vivemos a infância.

O ESPAÇO PARECE TER DIMINUÍDO. Halbwachs (“La mémoire collective”) defende que a memória deve se materializar para existir. Ela deve se enraizar no espaço, inscrevendo na materialidade das coisas a solidariedade dos membros que comunalmente a partilham. Existe um veiculo orgânico entre as pessoas e o meio ambiente que habitam, diz ele.

AGORA AQUI, ESSA CIDADE ganha novos significados para mim. Não diria que das cidades dos sonhos ela tenha se transformado na cidade dos pesadelos. Mas não posso negar que ela tem me decepcionado, talvez pelo fato de, sempre, serem as nossas expectativas bem maiores do que o “real concreto”. Vivi muito tempo como os personagens daquele desenho animado (A Caverna do Dragão) que, aprisionados em uma outra dimensão pautam sua existência em encontrar um caminho de volta para casa. Esses conflitos são os nossos fantasmas que rondam nossos inconscientes ou subconscientes, como defende Freud. Só que ao contrário daqueles personagens do desenho animado, retornei, e, por isso mesmo, o encanto se desfez. Precisei passar um logo tempo fora, sonhar com um retorno, para depois de um pouco mais de uma década sofrer alguns desgostos.

MUITAS VEZES SINTO o mesmo sentimento de impotência que muitos de nós, que querem ver nossa terra “evoluir”. Evolução para mim não é sinônimo de progresso material, muito pelo contrário, estes acabam destruindo nossos sonhos.

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Não quero fábricas, estradas, poluição, barulho...
Quero um lugar bom de se morar. Quero
CULTURA, CULTURA, CULTURA,
CULTURA, CULTURA.......
Será que é tão difícil assim...
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SEMPRE ACHO que podemos fazer mais por essa terra, sempre acho que os políticos podem fazer mais, os professores, os médicos, os historiadores, etc, pois é aqui que quero passar todo o resto de meus (mais de 70, talvez) anos e é aqui que quero vê meus filhos crescerem.

É AQUI QUE QUERO MORRER e ser enterrado lá no alto da colina, naquele cemitério não da mina, mas da Boa Vista, mais próximo de Deus e perto de meus familiares...

AH, AQUELES QUE NÃO ACREDITAM EM DEUS, devem sofrer bem mais do que nós. Pelo menos temos o consolo de “saber” que nossos familiares mortos foram chamados e estão ao lado de Deus para onde, acreditamos, também iremos.

O QUE EU E VOCÊ PODEMOS FAZER POR ESSA TERRA E PELO NOSSO SEMELHANTE SEM ESPERAR NADA EM TROCA? ISSO AINDA É POSSÍVEL?
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Fonte: Do site da AFAI / Artigos – Crônicas / pág. 2
Acesso: 26/11/2009

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