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sexta-feira, 3 de julho de 2009

ESTÓRIAS & CAUSOS - 12

Data: 03/07/2009
Nome: JOSÉ AIRTON PEREIRA SOARES
E-mail: airton.soares.as@gmail.com

Assunto: BANHO NO LAGO ::TEUIZO NÃO AGUENTANDO o nosso rojão, fechava o bar com a gente do lado de dentro. Ele ia dormir numa sala do próprio bar e DEIXAVA A CONTA por nossa própria CONTA, tudo era fiado mesmo...

SEX 03/07/2009 - 16:27


• “Causo” solicitado pelo amigo ipuense Julio Gomes Martins.
• Próximo “causo”: DAMIÃO PEZÃO.

Para que não se percam no túmulo do silêncio, achamos de bom alvitre livrar do “cativeiro”, alguns preciosos vocábulos, citados na presente crônica do mestre “Boris”. Ver notas de fim de página.


BANHO NO LAGO

Por Antônio Tarcízio Aragão (Boris)
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ IPU, novembro de 2006


A nossa querida CIDADE DE IPU possuía uma belíssima Praça, o “Jardim de Iracema”, construída em 1927, na administração do Sr. Manoel Victor de Mesquita ou do Sr. Joaquim de Oliveira Lima. Não tenho a informação precisa.

CONSIDERADA A PRINCIPAL PRAÇA da cidade, dotada de belos jardins e alamedas, tendo ao centro um imponente CORETO(1), usado pela banda de música para animar as tradicionais e festivas RETRETAS.(2)

O PASSEIO E OS BANCOS eram isolados dos jardins por um gradeado de ferro, onde a rapaziada se encostava para “FLERTAR”(3) (é o novo!) com as senhoritas que ficavam dando voltas ao redor dos jardins.

NO INÍCIO DOS ANOS SESSENTA, não sei a pretexto de que, alguém resolveu destruir aquela relíquia histórica, transformando-a numa coisa meio sem sentido, que tinha no centro um LAGO DE CIMENTO em forma de ALGUIDAR (4)com um cano no centro servindo de chafariz.

O “ALGUIDAZÃO” FICAVA com a água retida servindo de criatório de mosquitos e acumulando sujeira e muito lodo. Ai de quem entrasse naquela armadilha. O seu piso lodento ficava escorregadio que não permitia sequer, alguém ficar de pé.

NAQUELE TEMPO NÃO EXISTIA essa violência temerosa de hoje, salvo algumas briguinhas por causa de ciúmes de namoradas, discussões políticas etc., mas, tudo sem nenhum requinte de maldade. A rapaziada da época, da qual eu fazia parte, juntamente com o
• Cordeiro (Dr. Otonil),
• Francisco Aragão,
• Irapuan Feitosa,
• Joaquim Mesquita,
• Uruca,
• Zé César,
• Zé Nabor, além de outros que...

... momentaneamente me fogem da mente. A gente apreciava tomar umas e outras no “Bar Alvorada”, do Gessy Torquato, cujo gerente era o nosso dileto amigo Teuizo (Antº. Teuizo Lima). Lá nos encontrávamos diariamente, após o expediente com as namoradas e nos fins de semana, a noite era uma criança, geralmente pegava-se o sol com a mão.

TEUIZO NÃO AGUENTANDO o nosso rojão, fechava o bar com a gente do lado de dentro. Ele ia dormir numa sala do próprio bar e DEIXAVA A CONTA por nossa própria CONTA,(5) tudo era fiado mesmo, não fazia muita diferença, já pensou que confiança! A recíproca também era verdadeira, anotávamos “tim-tim por tim-tim”. Quando a gente saía levava garrafas de rum já dosadas com Coca-Cola para tomar nos bancos da praça do chafariz, enchendo lingüiça com conversa fiada na frieza da madrugada.

NUMA DESSAS NOITADAS, nossa turma estava lá quietinha, tomando o nosso “pirata”, tirando o gosto com Kitute de Boi e pão quente da padaria do Sr. Valdemar Feitosa, onde Irapuan trabalhava. De repente aparece um intruso. Era um bêbado chato, perturbando insistentemente nosso papo. Zé Nabor, com aquela simpatia que sempre lhe foi peculiar, não teve dúvida: pegou o bêbado pelo braço e o levou para dar um banho no lago escorregadio.

O COITADO PASSOU O RESTO da madrugada pelejando para sair do lago e quando ia conseguindo voltava escorregando para o ponto de partida, o fundo do “alguidazão”.

ENQUANTO NÓS, IMPIEDOSOS, nos divertíamos cada vez que a vítima escorregava, ora de quatro pés, ora de bunda, “ELOGIANDO” à mãe de quem o colocara naquele precipício louco.

BÊBADOS E MAIS BÊBADOS, uns engraçados, outros zangados, passaram pelo mesmo itinerário para nosso divertimento. E o banho no maldito lago ficou temido pelos “PINGUÇOS” ao ponto dos mesmos desviarem a rota do caminho de suas casas, fazendo grandes arrodeios com medo do TERRÍVEL BANHO DE LAGO.

Que maneira gentil de se afastar intrusos!...


NOTAS DE FIM DE PÁGINA
público alvo: Ao jovem vestibulando e todos aqueles que se interessam em manter viva nossa tradição linguística e cultural.

• (1) CORETO: espécie de quiosque construído ao ar livre, para concertos musicais. [Diminutivo do italiano coro.[ô]; Gíria: Bagunçar o coreto = acabar com a festa.

• (2) RETRETA: concerto popular de uma banda em praça pública. [Do fr. retraite, ‘retirada’ toque de recolher.]

• (3) FLERTAR: Namoro ligeiro, sem conseqüência; [Do ingl. flirt.]

• (4) ALGUIDAR: [Do árabe: escudela grande];vaso de barro, metal etc., cuja borda tem diâmetro muito maior que o fundo; escudela, gamela; usado em tarefas domésticas.

• TROCADILHO: “A CONTA( nota de despesa) por nossa própria CONTA” (responsabilidade)

Fonte < dicionários: Aurélio, Houaiss e internet.
Formatação e notas de fim: AS.

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