A história de um povo também é feita de minudências afetivas e verdades comezinhas.

[ Portal do "AS" - esprema AQUI ]

A CADA MEIA HORA UM PENSAMENTO DI RENTE
>

terça-feira, 28 de julho de 2009

AFAILCA – CRÔNICAS - 17 I

Data: 28/07/2009
Nome: JOSÉ AIRTON PEREIRA SOARES
E-mail: airton.soares.as@gmail.com
Assunto: AS BODEGAS DO MERCADO - Epílogo

Terça, 28 de julho de 2009

AFAILCA crônicas 17


AS BODEGAS DO MERCADO (LADO 4 E INTERIOR)

Por João Tomaz Lourenço Martins - Tontim

Hoje fecharemos o mercado com o seu último lado e visitaremos o seu interior.

SEU GABRIEL. Estatura baixa, sempre muito alegre, Seu Gabriel, morador do Corte, abrigava em sua bodega as histórias e curiosidades do futebol do Rio, contadas à noite pelo vascaíno ÉDSON DANTAS. Porque de dia, aquele exímio datilógrafo ensinava os rapazes e moças a “bater à máquina” na velha Corona instalada junto com outras numa das salas da Coletoria. SEU JERÔNIMO também era um assíduo freqüentador noturno da bodega do Seu Gabriel.

SEU LÚCIO, homem reto, cuja loja de tecidos ficava ao lado do portão, porque três quartos após este, nos deparamos com a bodega do Seu ANTONIO RAMOS. Baixo, careca e com um certo estrabismo, Seu Antonio Ramos competia com o J MARTINS na venda de refrescos. O LUÍS RAMOS, seu filho, foi nosso colega de “admissão” no velho Ginásio.

Coberto o mercado, vamos adentrá-lo.
Chegamos aos açougues. O time era mais ou menos este: “MANEL" e ZÉ ANJO; Seu ANTONIO COSME; Seu CHICO MOURÃO, pai do nosso poeta VALDEMIR; Seu ZÉ JOVITA, que mais tarde cedeu o ponto ao Seu AMADEU FEITOSA; SEVERINO, Seu ANTONIO CARREIRO, Seu FORTUNA, pai do nosso Pedro Fortuna e outros mais O engraçado era ver no alto de quase todos os açougues, uma cabeça de boi ostentando um comprido e pontudo PAR DE CHIFRES.

Vamos à parte descoberta do mercado? As barracas de frutas e derivados estão aqui representadas pelo Seu MELQUÍADES e seu inseparável chapéu de massa. Morador do Reino de França, tipo encabulado, trazia sempre um leve sorriso nos lábios. Em contrapartida, sua fiel esposa, de olhos azuis e cabelos longos, crespos e louros, falava por ela e por ele. Era a extroversão personalizada. A especialidade do Seu Melquíades era a manga.

- Dona AURI, a prencesa tá um mel. Dizia ele convencendo a mamãe, de que a manga princesa estava melhor que a rosa, a foice e a manguita.

Das bodegas internas do mercado a que mais nos vem a lembrança, é a do Seu JOÃO PASSOS. Vendia-se de tudo naquele ponto. Era lá que o papai tinha a caderneta. Milagrosa caderneta. Costumávamos ir ao Seu João Passos, três a quatro vezes ao dia, atendendo às demandas da mamãe, que iam do BOMBRIL AO SABÃO CAMILO, do querosene ao macarrão dois zeros fabricado pela Padaria Coelho.

QUEM NÃO SE LEMBRA DO CAMINHÃO COR DE PRATA DA COELHO ABASTECENDO DE MASSAS E BOLACHAS AS BODEGAS DO IPÚ?

O ritual de compra na bodega do quase-eterno diretor do clube “Artistas” obedecia mais ou menos ao monólogo:
- Seu JOÃO PASSOS, me dê um quilo de açúcar, um pacote de colorau...

Terminando sempre assim:
- ... e uma chiclete de bola e bote na conta!
Eis a razão pela qual achávamos a caderneta milagrosa. “BOTE NA CONTA”.

TERMINAMOS ASSIM ESTA VOLTA AO TEMPO E AO MERCADO. TEMPO FELIZ DA NOSSA INFÂNCIA. MERCADO QUE ABASTECIA DE FANTASIA OS NOSSOS SONHOS DE MENINO.
- - - - - - - -
Fonte: site da AFAI- ARTIGOS-CRÔNICAS, págs 13- 14
Acesso em 28 de julho de 2009

= = = = = = = ==
Próxima publicação: OS BARES DO IPÚ
Por João Tomaz Lourenço Martins (Tontim) p. 13

Nenhum comentário:

Postar um comentário