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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Falecimento - Boris

Data: 24/04/2009
Nome: CLÁUDIO CÉSAR MAGALHÃES MARTINS
E-mail: claudiocmartins@msn.com
Assunto: Reflexões sobre a morte

Prezados ipuenses,

Após os falecimentos de minha tia Mariinha (19.04) e do confrade da AILCA, Boris (23.04), vale refletirmos sobre o texto abaixo, extraído do livro "Vida para além da Morte", de Leonardo Boff:

"Se a morte significa um aperfeiçoamento antropológico no sentido de redimensionalizar o homem às dimensões de toda a realidade e não somente à sua situação de estar no mundo, então podemos dizer: a morte é o "vere dies natalis" do homem. É aqui que se dá a situação, pela qual perguntávamos antes, onde ao homem é concedida a possibilidade de ser totalmente ele, na plenitude dos dinamismos, escondidos dentro de seu ser.

O nó-de-relações para todas as direções pode agora atuar livremente porque caíram, na morte, todas as limitações de nosso ser biológico-no-mundo. Na passagem deste tempo para a eternidade, na morte, pois (nem antes nem depois), nessa concentração intensíssima do tempo, o homem chega totalmente a si mesmo.

A inteligência, que na terra é devorada por uma sede insaciável de ver e conhecer, mas que se sente sempre limitada, atingindo apenas a superfície das coisas, agora pode celebrar o inebriamento de sua luz plena, desvencilhada de qualquer obstáculo. Tudo está aí, visto a partir de seu cerne, na patência do coração das coisas e do cosmos. A vontade impulsionada por um dinamismo indomável, mas sempre experimentando-se obstaculizada e condicionada, agora desperta para a sua verdadeira autenticidade;pode viver a bondade radical e o amor que fecunda toda a realidade. A relação com o mundo não é mais sentida como obscura e mediatizada pelo corpo carnal.

O corpo, na morte, não é sentido mais como uma barreira que nos separa dos outros e de Deus, mas como radical expressão de nossa comunhão com as coisas e com a globalidade do cosmos. O pleno desenvolvimento do homem interior agora não conhece mais limites; ele iniciou germinalmente; pôde florescer; agora desabrocha na primavera que jamais tramonta. "Morrendo - dizia Franklin - acabamos de nascer."
Por isso, seria maldição para o homem viver eternamente esta vida biológica. Não morrer é para ele, como já sabia Epícteto, o que é para a espiga: jamais amadurecer, jamais ser segada para ser o trigo de Deus."
Requiescant in pace - tia Mariinha e Boris.
Cláudio César

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